terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Feliz 2018, Brasil!

Publicado no Diário dos Campos em 27/12/17
Que 2018 seja um ano de paz, de tolerância, de compreensão, de liberdade, de verdade, de justiça, de amor. Aliás, não por acaso justo ao fim do ano comemoramos o aniversário do profeta da religião mais difundida no planeta, que, assim como os profetas de outras religiões, vieram nos ensinar estes valores emancipadores e humanísticos.
Que saibamos ter temperança e serenidade para que de nosso ser emane a paz. Que as divergências que vão pelo mundo, muitas vezes incentivadas por aqueles que querem delas aproveitar-se para estender seu domínio, não nos contagiem. Que nós brasileiros recuperemos a alegria, a amizade, a criatividade artística, a hospitalidade, que já foram marcas de nosso povo. E que recuperemos também aquela capacidade de convivência pacífica com o diferente, outra marca de nosso povo, herdada de uma mistura de raças sem igual no mundo. Ainda que tenhamos tido sempre muito a progredir em termos da verdadeira solidariedade.
Que sejamos capazes de substituir a reação instintiva pela reflexão, compreensão e sabedoria. Que nossos posicionamentos e nossas escolhas emanem da nossa capacidade de refletir e de decidir com base em valores que nos são próprios, e não na manipulação interesseira de estímulos e de reações estranhas que nos são imputados via um massacrante condicionamento midiático.
Que logremos escapar desse consenso construído que nos imputa falsas convicções e conflitos descabidos. Que alcancemos a capacidade de nos libertarmos como pessoas. Que passemos a ter idéias e valores próprios, sobre nós mesmos, sobre nossa pátria, sobre nosso devir. E assim que nosso riquíssimo país deixe de ser a eterna colônia, o eterno país do futuro, e alcance o status de grande nação do presente.
Que renasçam em nós os sonhos de felicidade e de dignidade, de soberania, de justiça para todos, não somente para uma casta seleta de presunçosos eleitos. Que nos preocupemos mais com o bem estar coletivo, e menos com os humores do volúvel mercado. E que, nesta era de informação, sejamos capazes de discernir o joio do trigo. Pois a informação é muito diversa, ora nos esclarece e nos ajuda a crescer, ora usa nossas reações instintivas, impensadas, para despertar em nós tudo aquilo que é contrário ao progresso humano, em favor da submissão àqueles que têm a pretensão de dominar o mundo.
Que tenhamos o discernimento para aprender com a boa informação, que nos faz seres humanos mais humanos. Que tenhamos firmeza para superar os atavismos históricos de nossa peculiar sociedade, e que ela definitivamente passe a ser inclusiva. E, neste ano de 2018, sobretudo que saibamos distinguir oportunistas de estadistas.
Fim de ano é a reafirmação dos valores cristãos, é a esperança do novo no ano que começa. Que nos renovemos junto com o calendário, que nos recriemos, que despertemos.
Que 2018 seja um ano de revelação, de emancipação.

Que 2018 seja um ano feliz.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

O Todo Poderoso e as oportunidades

Publicado no Diário dos Campos em 08/12/17
 Estes dias, zapeando a TV, dei por acaso com a comédia A Volta do Todo Poderoso (2007), em que Morgan Freeman encarna Deus e Steve Carell seu moderno Noé, o atônito encarregado de construir uma arca num lugar impensável no interior dos EUA. Apesar de ser um despretensioso entretenimento, o filme tem uma passagem marcante: Deus conversa com Noé e lhe ensina que quando as pessoas lhe pedem algo com fervor, por exemplo a coragem, ele, o Todo Poderoso, não lhes concede propriamente a coragem, mas a oportunidade de praticar a coragem, e, assim, de tornar aquele crente suplicante mais corajoso, pela prática da coragem.

Ou seja, os céus não estariam para nos conceder facilidades, mas estariam sim para nos conceder as condições para que possamos fazer a escolha se queremos ou não conquistar algo que ainda nos faz falta. A coragem, o discernimento, o engajamento, a responsabilidade, a honestidade, a serenidade, a tolerância, a solidariedade, a sobriedade, a temperança, o caráter, a firmeza, a generosidade, a sabedoria, a compreensão, a lucidez, a liberdade, a idoneidade... estariam entre essas qualidades para as quais os céus nos concedem as circunstâncias para que possamos praticá-las, e, com nossa determinação, possamos conquistá-las, para o nosso ser e para o nosso mundo.

Que excepcional oportunidade os céus estão nos concedendo nos dias atuais de crescente iniquidade, no Brasil e na verdade no mundo todo! Se tivermos desprendimento e iniciativa suficientes e refletirmos sobre como vão indo estes nossos tempos, nos veremos diante de uma escolha crucial: ou fechamos os olhos para o que está se passando ou tomamos consciência de uma dura realidade cheia de oportunidades para que possamos conquistar qualidades que ainda estão nos fazendo muita falta para a evolução da humanidade.

Aí me lembro de outro filme, um dos que mais gosto: Contato (1997), baseado em livro de Carl Sagan, em que Jodie Foster encarna uma astrônoma descrente de Deus, que busca obstinadamente sinais de vida extraterrestre. Quando os encontra e candidata-se a ser a enviada para o contato com uma civilização inimaginavelmente mais evoluída que a nossa, questionam-na sobre o que ela perguntaria ao seu interlocutor celestial. Ao que ela responde:

— Perguntaria como foi que sobreviveram ao desvario da adolescência de sua civilização...