Publicado no Jornal da Manhã em 06/03/2021.
O sítio GlobalPetrolPrices mostra que o preço do litro da gasolina na
Venezuela no dia 1º de março de 2021 era de U$0,02. Ou seja, R$0,11 pela
cotação daquele dia. A mesma matéria do site diz que naquele dia, o preço da
gasolina no Brasil era 45,8 vezes o preço na Venezuela, ou seja, R$5,04. Hoje,
dia 4 de março, vejo nos postos da cidade de Ponta Grossa, onde moro, que a gasolina já
está a R$5,20. A matéria do GlobalPetrolPrices
mostra ainda a comparação de preços entre 167 países. O da Venezuela é o mais
barato, o do Brasil é o 59º, mais caro que no Equador, Bolívia, Colômbia,
Haiti, Porto Rico, Guiana, Guatemala e Argentina.
Analisar a diferença de preço da
gasolina entre países que enfrentam situações tão diferentes quanto Brasil e
Venezuela não é tarefa simples. A Venezuela tem a maior reserva mundial do ouro
negro (300,9 bilhões de barris), o Brasil tem a 15ª (12,7 bilhões, dados de
2018). Mas, fruto do embargo econômico, a Venezuela é só a 13ª produtora
mundial, o Brasil é o 8º (dados de 2019).
Apesar de ter produção maior que o
consumo, o Brasil exporta e importa petróleo e combustíveis. Isto por razões
que também não são simples: refinarias construídas na época em que éramos
importadores, não adaptadas para refinar o petróleo produzido no país, e ociosidade
das refinarias brasileiras, que operam a 70% de sua capacidade, são algumas
delas. Dois problemas que poderiam ser resolvidos, mas, se o fossem, quem ganha
com esta situação deixaria de ganhar.
Entretanto, a razão principal do custo
do combustível no Brasil é a paridade de preços internacionais (PPI), política
adotada pelo governo e pela Petrobras em 2017. O preço passa a ser controlado
pela cotação no mercado internacional. Qualquer crise no Oriente Médio, nos
EUA, na Rússia, que faça aumentar o preço do petróleo e combustíveis, faz
aumentar o preço também no Brasil, mesmo que o preço da produção e refino
internos não sejam diretamente afetados. Atualmente o consumidor brasileiro
paga pelas crises que possam acontecer mundo afora.
Um fator adicional atrelado à PPI é a
cotação do dólar. Os preços internacionais são cotados em dólar. Se o dólar
valoriza em relação ao real, vamos pagar mais reais pelos combustíveis. E só nos
últimos doze meses o real desvalorizou 21,7% em relação ao dólar, a maior perda
entre as 31 maiores economias do planeta, segundo estudos da FGV. E o que
controla a cotação do dólar? São os humores do mercado, muitas vezes provocados
por mega operações especulativas. Ou simplesmente o fluxo de fuga ou aporte de
dólares no Brasil, em resposta a expectativas econômicas e tensão da situação
política e social interna. A instabilidade atual no país é, então, outro fator
que pesa no aumento do preço dos combustíveis.
Existem soluções: prática de preços
internos independente do mercado internacional, operação plena das refinarias
brasileiras, estabilidade política e social de modo que a paridade real/dólar
volte aos patamares de seis anos atrás. Esta última, com o desgoverno que temos
hoje, parece ser a mais inalcançável.
O chamado "país do futuro" está cada vez mais atolado no passado.
ResponderExcluirabs.
Bom dia,
ResponderExcluirO
Carlos está certo não somos mais o país do futuro.
Sergio,
Se o plano fosse erguer o país tudo bem mas eles estão destruindo tudo.
Marlene Castanho
ResponderExcluirO mercado econômico mundial se transformou numa espécie de jogatina. E os ditos "expertos", da nossa política econômica ou não têm noção do q estão fazendo porque não sabem jogar,ou deixam de fazer o certo porque é vantajoso para essa elite que esta no poder simplesmente brincando de casinha. E então, quanto pior melhor, e o povo desse país, rico por natureza, que se conforme, se cale... E se contente com as migalhas q os que estão no poder, vez ou outra, para agradar o povo, deixam cair... Ufa! Mário Sérgio, desculpe o desabafo...