Publicado no Jornal da Manhã em 20/09/2024.
Estaremos já colhendo os sinais de autoextinção da
humanidade? Os desastres de Mariana e Brumadinho, a pandemia de Covid-19, o
aquecimento global e derretimento das calotas polares, as inundações no RS, a
aguda seca e as queimadas atuais, o desregramento e a disseminação da
desinformação, os temores com o descontrole e a sublevação da inteligência
artificial, as guerras cognitivas e por procuração, o risco crescente de
confrontos nucleares, a ascensão de radicalismos, segregacionismos e limpezas
étnicas, a chamada teologia da dominação... Estes são só alguns sinais mais
recentes da insanidade que nos conduz a uma tragédia final.
Há várias alternativas concretas para o fim da civilização
atual: cataclismos climáticos que nos privassem da água, de alimentos e de ar
respirável; uma pandemia incontrolável; uma guerra nuclear generalizada; a bestificação
das massas manipuladas, encolerizadas e armadas; a destruição por uma
inteligência artificial revoltada... Muitas ficções – ou seriam previsões? –
têm abordado estes temas. Acrescentam outros, naturais, como o impacto de um
meteorito destruidor, terremotos, vulcões e tsunamis avassaladores. O tema do
colapso da civilização nunca esteve tão presente nos nossos temores e suas
manifestações na literatura, no cinema.
O deus dinheiro tem sido o guia da humanidade há séculos. Inventou-se
até a teologia da prosperidade. Ele abençoa o lucro, e condena a solidariedade
humana e a natureza. Narciso, no sentido freudiano – tudo que não é imagem
especular é condenável e deve ser dominado ou destruído –, é o messias do deus
dinheiro. Seus mandamentos ensinam a ganância, a competição, a supremacia, a
improbidade, a agressividade, a incúria moral e ambiental, o desperdício. O planeta
Terra tornou-se a escrava a ser explorada sem misericórdia, até sua completa
ruína.
Para lembrar algumas séries e filmes que tratam das
fictícias distopias provocadas pela demência humana, podemos citar O dia depois de amanhã, O exterminador do futuro, Matrix, Interestelar... Mas são muitos títulos. Além dos que tratam de
fenômenos naturais, como 2012, Não olhe para cima, Impacto profundo, Destruição
final – o último refúgio... Também são muitos títulos. Será que tanta
criação artística calamitosa estaria dando vazão a um justificável temor de
nossa própria insanidade?
O deus dinheiro e os deslumbrados narcisistas estão exaurindo
a capacidade de regeneração da escrava Terra. Agimos como um vírus mortal, que,
no afã de disseminação e dominação, não consegue parar antes de sacrificar o hospedeiro.
Matando-o, acaba por também sacrificar a si mesmo. Será que o tino da espécie
humana é igual ao desse incauto vírus, que se autodestrói? Será essa uma
providência das leis naturais, para controlar organismos predadores que ameaçam
o milagre que é a multiplicidade da vida no planeta Terra?
Se essa lei natural que extermina organismos nocivos
realmente funcionar, estamos correndo sério risco. Mas ainda nos resta uma
centelha de discernimento. Quem sabe ainda logremos aprender a conviver com os
diferentes entre nós, com as outras espécies, e dentro dos limites de
recuperação da natureza?
Oxalá aprendamos!
Oxalá
ResponderExcluirTantas catástrofes, tanta luta por poder e dinheiro, será este o momento da interferência do Alto?
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