Publicado no Jornal da Manhã em 10/06/2025.
Esse é o título de livro de dois franceses (F. Pierucci e
M. Aron, Kotter Editorial, 2019) que conta como uma lei dos EUA é usada para
favorecer interesses desse país no mundo todo. Em 2018 essa lei, aplicada com
distorções e ilegalidades, serviu para a General Electric estadunidense engolir
a francesa Alstom, concorrente mundial na área de usinas nucleares. O título do
livro não poderia ser mais acertado: trata-se de uma arapuca destinada a
eliminar qualquer concorrente dos interesses dos EUA no mundo.
No Brasil, a operação Lava Jato começou em 2014, quando o
País e suas empresas (Petrobrás, Odebrecht, Embraer, JBS e outras) prosperavam
a ponto de provocar a punição dos EUA, país que não tolera concorrentes: elimina-os.
Não eram só as empresas brasileiras, era o Brasil se tornando uma próspera
potência. Os dirigentes da Lava Jato foram treinados pelos serviços de
inteligência dos EUA. Depois das denúncias da Vaza Jato – que em 2019 revelou
as falcatruas da operação e anulou-a – Sérgio Moro, seu principal agente, tornou-se
sócio da empresa Alvarez & Marsal nos EUA, dedicada a explorar os despojos das
empresas brasileiras. A Lava Jato não foi operação destinada a combater a
corrupção, como se propagandeava. Foi destinada a sangrar empresas brasileiras
e a perpetrar os golpes políticos que seguiram, e frearam a caminhada do Brasil
rumo à plena democracia e à soberania.
Agora (2025), o governo Trump dos EUA ameaça a aplicação
das leis extraterritoriais – valem no mundo todo – para além da economia. Ele quer
penalizar autoridades de países – sobretudo na América Latina – que “trabalhem para restringir os direitos de
cidadãos estadunidenses”. No caso, as autoridades são ministros do STF –
Alexandre de Moraes e outros –, e os direitos dos cidadãos estadunidenses são
postagens nas plataformas digitais e redes sociais do Tio Sam que disseminam ilegalidades,
como a desinformação, discursos de ódio e de ataque às instituições e à
democracia. Ou seja, Tio Sam já não tem mais vergonha de escancarar seu empenho
em submeter os países que ousam tentar ser soberanos. Quer subjugá-los como eternas
colônias. As ilegalidades que a regulamentação da internet tenta banir são uma
ameaça para a estabilidade política e econômica do Brasil. E representam uma
poderosa arma da guerra cognitiva que faz os brasileiros elegerem, numa
aparente democracia, lobos travestidos de cordeiros para cuidar do rebanho.
A guerra cognitiva usa armas que idiotizam o ser humano.
Ela emprega tecnologias avançadas, entre elas a comunicação digital, embasada
na neurociência e na manipulação do comportamento humano. O condicionamento
para comportamentos insólitos, tal como acreditar que fisiologismo,
clientelismo, oportunismo e entreguismo sejam predicados de um bom homem
público, é perpetrado pela guerra cognitiva. E ela é tanto mais eficaz quanto
mais frágil for a capacidade de refletir, discernir e engajar-se da população.
Precarização da educação, analfabetismo funcional, guerra
cognitiva, desregulamentação da internet, sabotagem à soberania e prosperidade
do Brasil são temas intimamente ligados.
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