Publicado no Jornal da Manhã em 24/05/2025
Nos últimos dias, dois temas têm frequentado o noticiário:
a anistia aos golpistas de 8 de janeiro e a flexibilização das leis ambientais.
Dois assuntos que parecem não ter muita ligação entre si, mas que, na verdade
estão muito relacionados. E têm a ver com o dilema civilizacional que vivemos
hoje, que deverá decidir o futuro da humanidade.
É correto falar em golpistas de 8 de janeiro? Na verdade,
os vândalos de 8 de janeiro foram uma armação dos verdadeiros golpistas, estes
infiltrados nas repartições, nos quartéis, nos tribunais, no agronegócio, no
empresariado. Estes verdadeiros golpistas são uma parcela da população que
alcançou poder político, econômico, militar, forense, mas nunca aceitou as
regras da convivência democrática. Felizmente, não é toda a população que
apresenta esse distúrbio de personalidade. A maioria ainda acredita que é
possível que regras construídas por todos, e que valham para todos, são as que
podem conduzir à convivência pacífica e próspera.
Os verdadeiros golpistas, que materializam no Brasil o
surto de neofascismo que acomete o mundo, financiaram e manipularam os vândalos
de 8 de janeiro, numa tentativa de deflagrar uma revolta popular. Mas, entre os
vândalos, estavam só pessoas iludidas pelos golpistas? Certo que não! A maioria
talvez estivesse lá ludibriada, mas uma boa parte estava lá porque
identifica-se com os golpistas que não toleram a democracia.
E o meio ambiente? O Congresso Nacional discute projeto de
lei flexibilizando o licenciamento ambiental. Alega-se que é para diminuir a
burocracia, mas na verdade a lei discutida desobrigaria o cumprimento de muitas
das leis ambientais vigentes. Essas leis têm, afinal, alguma serventia? Claro
que têm! No mundo, o “Dia da Sobrecarga da Terra” para 2025 deverá ser o dia 1º
de agosto: o dia em que a humanidade esgotará os recursos naturais disponíveis
para todo este ano. Entraremos no vermelho da conta ambiental no início de
agosto.
O Brasil, tido como um país com matriz energética limpa –
graças às hidrelétricas e ao etanol –, é o quinto maior emissor de gases
estufa. Motivo: o desmatamento, principalmente na Amazônia e nas áreas de
cerrado. E a análise das águas dos reservatórios de abastecimento público
revelou onipresença de substâncias tóxicas de esgotos e da agropecuária. Somos o
país com maior quantidade de água doce do mundo, mas estamos aceleradamente envenenando-a.
Os representantes que elegemos, nesta nossa “democracia
representativa”, parecem dispostos a conceder anistia aos golpistas, e a
flexibilizar as leis ambientais. São dois casos muito ligados: ambos têm a ver
com o ambiente social e natural que estamos construindo para um futuro bem
próximo. Eles escolherão um futuro de respeito à democracia e à natureza em
benefício de toda a população? Ou darão preferência aos interesses de quem
despreza a democracia, explora o trabalhador e a natureza?
Não podemos esquecer: os parlamentares que lá estão
decidindo sobre estes temas foram eleitos pela população. Eles estão
representando a população? Foram eleitos para isso? E a população, está
elegendo certo seus representantes? Ou está sendo ludibriada também no momento
do voto, tão essencial no sistema atual?
A população precisa aprender: a compreender, a discernir, a
escolher pelo bem do coletivo, e não para o privilégio de poucos. Enquanto não
aprender, vai continuar sendo tangida como o gado.
Assim é a democracia. Ás vezes temos que conviver com decisões diferentes de nossas convicções. Ainda bem que é assim.
ResponderExcluirInfelizmente a maioria dos parlamentares, hoje, estão preocupados somente em receber likes nas redes sociais. O termo lacração, deu lugar à civilidade, à preocupação com um mundo mais humano.
ResponderExcluirInfelizmente nossos parlamentares defendem grupos econômicos específicos e não a população em geral E a população , como um todo, é manipulada para achar que eles defendem o bem comum. Falsa democracia/
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