A
Viação Campos Gerais (VCG), empresa que detém o monopólio do transporte
coletivo em Ponta Grossa, está impondo uma novidade que é um espantoso
retrocesso: os alunos não têm mais direito à consagrada meia tarifa fora do restrito
horário de suas aulas. Se têm aulas pela manhã, não têm direito à meia tarifa à
tarde, se têm aulas à tarde, não têm direito pela manhã, se têm aulas à noite,
não têm direito durante o dia.
Mas o
que significa esse retrocesso imposto pela empresa? Talvez signifique um
esforço de aumentar seu lucro? Então teríamos de considerar que se tratasse de um
caso de mesquinharia? Ou talvez signifique um esforço deliberado para
prejudicar o desempenho escolar de nossos jovens provenientes das camadas mais
carentes da população? E neste caso teríamos que considerar que se tratasse de
uma pirataria, e assim sendo o que estaria sendo pilhado seria a educação de
uma parte da juventude, a mais pobre, que está sendo preparada para conduzir
nosso país?
Seriam
os dirigentes da VCG que inventaram este retrocesso pessoas que nunca
frequentaram uma escola? Ou nunca precisaram utilizar o transporte coletivo? Não
saberiam eles que, além do horário das aulas, os alunos, principalmente os dos
ciclos superiores, no ensino médio e na universidade, também frequentam as
bibliotecas para pesquisas e consultas, reúnem-se com colegas para estudar e
elaborar trabalhos, participam de grupos de estudo e de iniciação científica, fazem
estágios obrigatórios, assistem a encontros científicos, participam de centros
acadêmicos estudantis e de atividades culturais ou sociais nas suas
instituições de ensino?
E as
direções das instituições de ensino, principalmente das universidades e
faculdades da cidade, qual seria seu papel perante tal retrocesso? No meu
entender, as diretorias e reitorias, bem como o Núcleo Regional de Educação,
deveriam estar questionando esta absurda imposição da empresa de ônibus. Já lhe
basta o questionável privilégio do monopólio.
E os
estudantes penalizados com a proibição da meia tarifa? Bem, a estes meu
conselho é que se organizem em suas entidades estudantis, centros acadêmicos,
diretórios, e exijam a devolução do direito consagrado que lhes está sendo
usurpado. Reivindiquem perante as direções das instituições de ensino
cobrando-lhes um posicionamento diante da VCG, reivindiquem diretamente à VCG, reivindiquem perante a prefeitura, que é quem contrata a empresa de ônibus. E se isto não der resultados, manifestem-se perante a população, vão à rua dar
visibilidade à usurpação de seus direitos e à improbidade da empresa de ônibus.
Em
outros locais do Brasil e do mundo a reivindicação hoje é pelo passe livre, e
não pela meia tarifa. Já se pode considerar um atraso reivindicar a meia tarifa
plena. Um atraso maior, beirando a ignorância, é o retrocesso de restringir a
meia tarifa. A não ser que esteja prevalecendo o entendimento de que é
necessário que a população mais pobre, aquela a quem faz diferença a tarifa do
ônibus, tenha mesmo que ter a educação prejudicada, e tenha que permanecer na
ignorância.
Será
este o caso?
Excelente texto, professor!!! Realmente é um retrocesso se pararmos pra pensar que estamos lutando por meia tarifa, enquanto em outros lugares do Brasil a discussão já é sobre passe livre. Jessica Gislaine
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