Os monotremos são nossos ancestrais mamíferos, que surgiram há
cerca de 200 milhões de anos atrás, no tempo em que dominavam o planeta os
répteis, alguns enormes e vorazes predadores. Os monotremos, por sua vez, eram
pequenos, alguns com menos de uma grama de peso. Acredita-se que se alimentavam
de insetos, nozes e frutas. Existem ainda espécies viventes até hoje de
monotremos, a mais conhecida é o ornitorrinco australiano, que parece uma
bizarra mistura de réptil, pássaro e mamífero.
No tempo dos primeiros monotremos, um viajante do espaço que
observasse a primitiva vida na Terra talvez imaginasse que aqueles pequeninos
seres não tinham chances de sobrevivência. Além de sua pequenez, os filhotes
nasciam ainda totalmente despreparados para a vida, tinham de ser amamentados e
cuidados por suas zelosas mães até que pudessem enfrentar por si sós as agruras
da sobrevivência, àquela época muito mais cheia de armadilhas mortais que
atualmente.
Mas, quem diria, os monotremos deram origem aos mamíferos, entre
os quais nós, seres humanos. E costumamos dizer que somos a espécie dominante
no planeta. Será?
Não há como deixar de comparar os monotremos com os utopistas,
seres humanos assim chamados por defenderem utopias, ou seja, aquelas quimeras
muito evoluídas para além da cruel realidade em que vivemos hoje. Tal como os
monotremos, os utopistas ainda são uma discretíssima minoria, parecem frágeis,
vítimas indefesas num mundo em que os evoluídos mamíferos, nós, seres humanos
comuns, mais parecemos agir como os vorazes répteis do tempo dos monotremos.
Mas talvez, bem como os monotremos, os utopistas sejam a semente
de uma linhagem evolutiva que vai gerar uma nova espécie destinada a prosperar,
e quem sabe até dominar, este mundo em que vivemos. Ao longo da história, os
utopistas, que pregam solidariedade, amor, reverência à natureza e ao próximo,
desde Cristo até Chico Mendes, têm sido incompreendidos, discriminados,
perseguidos e assassinados.
Mas a lei da evolução parece ser mesmo implacável. O novo pode
surgir com ares de fracasso, mas basta-lhe a prova do tempo para mostrar a que
veio. A evolução é paciente, perseverante, inexorável.
No caso dos monotremos, duas centenas de milhões de anos foram
necessárias para que surgisse a complexa e pensante espécie que denominamos Homo sapiens. E no caso dos utopistas?
Quanto tempo será necessário até evoluírem para se tornarem a espécie mais
evoluída do planeta? Com certeza terá que ser muito menos tempo. Porque se não
evoluírem logo, não restará mais planeta a ser habitado.
Oxalá os utopistas dominem o planeta, e que não demore tanto, antes que os "Homo lucrens" destruam o que resta de equilíbrio ecológico.
ResponderExcluirQue todos os utopistas sejam bem-vindos.
ResponderExcluirO tempo voa e nos resta muito pouco de sensatez pra lutar por nosso planeta e único hábitat.
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