Pensadores que têm refletido sobre o momento que passamos
têm falado na urgência de uma “revolução da consciência”. São desde
administradores e economistas até filósofos e sociólogos. Talvez o que tenham
em comum seja a compreensão do que anda se passando com a humanidade e a
civilização atual.
Duas preocupantes constatações atestam que estamos
seguindo um caminho equivocado: a crise ambiental provocada pela exploração
predatória do planeta, comprometendo o equilíbrio da natureza que sustenta a
vida; a crise social decorrente da concentração de riquezas, com aprofundamento
do fosso que separa ricos e pobres.
A pandemia da Covid-19 resulta dessas duas crises. O
vírus é fruto da desfaçatez com cuidados sanitários indispensáveis num mundo
globalizado e de imensa concentração urbana. A sua disseminação atinge sobretudo
os mais pobres, sem condições de confinamento e com precários saneamento e
condições de saúde. Mas atinge também os profissionais de saúde, os que lidam
com as atividades ditas essenciais, que não podem parar, os idosos, os
fragilizados por diversas razões. O vírus é seletivo, mas é também
imprevisível.
Muitos especialistas estão afirmando que as crises
ambiental, socioeconômica e sanitária não são passageiras. Se não promovermos
uma aguda revolução da consciência e uma profunda mudança em nossa civilização,
vieram para ficar. A Covid-19 é branda, devemos esperar pandemias ainda piores,
num futuro próximo. Urge mudar, se não queremos aprender por uma dor ainda mais
dilacerante.
Quais seriam as mudanças na nossa consciência para
evitarmos o previsível trágico futuro? Basta ver o que temos feito que nos
conduziu até onde estamos hoje: a superexploração predatória do planeta, o
consumismo irrefreável, a exploração e dominação do próximo, a ambição
desmesurada, a intolerância com a diferença, o orgulho e a inveja.
Tudo isto resultaria de uma marcante qualidade humana: a
cobiça. Cobiçamos conquistar, cobiçamos ter, cobiçamos acumular. E criamos
sistemas econômicos e de governo, princípios morais e legais que acolhem e
incentivam a cobiça. Cobiçar passou a ser a qualidade que distingue
bem-sucedidos de fracassados, dinâmicos de acomodados, antenados de alienados,
celebridades de joões-niguém, racionais de emocionais. Mais recentemente, a
cobiça passou também a distinguir direitistas de esquerdistas, capitalistas de
socialistas, ditadores de democratas.
Quantos rótulos! Mas a revolução da consciência dispensa
os rótulos. A grande mudança que se impõe é aquela que os verdadeiros messias
têm tentado nos ensinar há milênios: a humildade, a solidariedade, o
discernimento; a empatia com todos os outros seres vivos e com o planeta Terra,
nosso lar.
Oxalá não seja necessário a natureza castigar-nos com
lições ainda mais contundentes que a pandemia, os eventos climáticos extremos e
os conflitos sociais e a insegurança que já vivemos, para que aceitemos
que a revolução da consciência é urgente. E enfim a concretizemos.
Belo texto! Infelizmente, a cobiça é irmã siamesa da inveja e acomete o "bicho gente" sem se preocupar com religião, política ou status social. Não sei se um dia haverá uma vacina para ela. Espero que sim.
ResponderExcluirNão acho que o vírus é seletivo, mas como você disse, ele acaba atingindo os mais pobres porque estes não têm as mesmas condições de prevenção que os ricos, escancarando a desigualdade social que vivemos no Brasil. um vírus que pode infectar qualquer pessoa acaba infectando principalmente os mais pobres, porque estes não tem condições ideais de prevenção. Triste demais.
ResponderExcluirEspero que essa revolução da consciência aconteça principalmente nos mais privilegiados, que são os principais exploradores de tudo e todos. Que possamos todos aprender com os erros do passado e presente, pra não sofrermos tanto no futuro.
Texto ótimo, como sempre ♥
Essa revolução da consciência bem poderia começar com uma revolução cultural
ResponderExcluirParabéns Mario, mais um belo texto com o qual concordo integralmente. O ser humano esta destruindo o planeta e a convivência com seu próximo que nunca foi das melhores esta se tornando insuportável. O planeta é lindo e limpo tem toda a capacidade de nos acolher. Mas com esse tipo de gente que esta no seu comando, tendemos ao fracasso em um curto período de tempo. Claro que a natureza e o poder divino que nos governa não permitira. essa é a minha opinião. abs e mais uma vez parabéns. Carlos SA.
ResponderExcluirMuito bom, Mário. Também penso que o vírus não seja seletivo, mas, até socialista-democrático, vez que atinge todas as camadas - a questão é que a camada pobre realmente não tem condições de se proteger, assim, ela está sendo mais atingida atualmente. Eu vejo que a ocorrência dessa pandemia era absolutamente imprevisível, a não ser na cabeça dos roteiristas de holywood, dessa forma, a partir de agora, deveremos estar sempre preparados (?) para qualquer tipo de ocorrência. A vantagem que eu vejo é que o avanço tecnológico nas áreas das biociências é tal que vai sanar qualquer mal tipo esse vírus, mais cedo do que seria esperado... mas, concordo, o momento é de reflexão, e sem essa de "novo normal".
ResponderExcluirO interessante é que tudo que vemos externamente nós persegue internamente. Somos condenados à essa vivência de opostos, que esgarça, às vezes nossa esperança. Pai nos auxilie neste caminho tão incerto. Belo texto Mário.
ResponderExcluirEsqueci de falar uma coisa que é importante: cobiça é terrível, pois trás a ideia de consciência, de propósito, entendo que existe esses sentimentos comportamentos, mas existe um fator inconsciente, igualmente terrível, implacável, o medo. Intimamente, queremos afastar o fracasso das batalhas com o acúmulo. Sei...sei...existem aqueles sem medo e sem pudores. Ora, esses são demônios. Seu lugar é o Inferno.
ResponderExcluirSergio ,
ResponderExcluirMais um texto para reflexão, perfeito como os demais.
Outros seguidores já disseram tudo , quase tudo , esse e outros vírus virão pois as pessoas não estão tendo essa visão de que seja necessário mudar nosso comportamento em relação a nossa casa....o planeta Terra.
Qto ao controle ecológico e sistêmico da fauna e da flora, é um sonho , tristemente.