domingo, 18 de agosto de 2024

A rede transnacional de desinformação e dominação

 Publicado no Jornal da Manhã em 20/08/2024.

Elon Musk, o dono da Twitter/X, diz que vai fechar o escritório da empresa no Brasil. Não quer deixar que algum funcionário seu no país possa ser responsabilizado por crimes de incitação à mentira, à violência e aos atos antidemocráticos. De outro lado, sem conseguir provar, autoridades venezuelanas cogitam que a pirataria digital vinda da Macedônia do Norte (!), que transformou em imbróglio mundial o resultado da eleição no vizinho sul-americano, tenha sido comandada pelas empresas de Musk. E é bom se perguntar: quais foram as fontes dos jornalões da grande mídia brasileira que revelaram tratativas entre TSE e TSF na CPI das fake news, na tentativa de desacreditar o ministro Alexandre de Moraes? O qual decidiu denunciar formalmente Elon Musk e sua empresa por descumprimento de ordens judiciais a respeito de contas que veiculam mentiras e ataques contra a democracia e o governo?

Não há dúvida, há uma rede transnacional de pirataria digital e de desinformação. Antes, no Brasil, já tivemos pelo menos um caso relevante: a arapongagem das comunicações da Presidenta Dilma, que contribuíram para o golpe que a depôs. Qual o objetivo dessa nefasta rede, da qual Elon Musk e suas empresas são só um de muitos tentáculos? Basta ver estes poucos casos aqui citados: objetiva a impunidade de crimes contra a democracia no Brasil; objetiva desestabilizar o governo que tenta manter a Venezuela um país soberano frente à voracidade do império; objetivou derrubar um governo no Brasil – o de Dilma – que também tinha a intenção de livrar o país de grilhões do império. A conclusão óbvia é que a rede transnacional está a serviço de reforçar o imperialismo hegemônico dos EUA.

A grande rede transnacional tem seus tentáculos regionais. No Brasil, mesmo na imprensa menor, há um orquestrado sistema de desinformação e de oposição ao governo federal que tenta libertar o país de históricos laços do colonialismo. Não vamos nos enganar: o governo federal atual tem viés social e soberano. Empenha-se em transformar o país numa grande nação, independente do imperialismo, e em prol do bem-estar de toda a população, reduzindo os abismos sociais. Quem não enxerga assim, precisa procurar rever suas fontes de informação e seus preconceitos. A oposição, ao contrário, quer desunir a população e tornar o país mais frágil e vulnerável à rapinagem internacional.

Mesmo na imprensa menor tem-se visto artigos com títulos que dizem que as contas do governo estão erradas, que a reforma fiscal vai prejudicar os mais pobres, que a justiça indevidamente tenta punir os criminosos midiáticos. Amiúde os autores de tais artigos assinam com endereços institucionais, que só fazem reforçar que se trata de um orquestrado sistema para desacreditar o governo federal.

A população que permanece iludida pelos detratores do atual governo concretiza o Hino Nacional no seu dizer: “Deitado eternamente em berço esplêndido”. Não deixaremos de ser colônia submissa, talvez ajoelhada, e não deitada, enquanto não conseguirmos discernir entre quem deseja um Brasil justo e soberano, e quem deseja uma população desunida, uma sociedade injusta e um grande país subjugado.

sábado, 3 de agosto de 2024

A mídia e o imbróglio venezuelano

 Publicado no Jornal da Manhã em 06/08/2024.

O que está de verdade acontecendo na Venezuela após a eleição de 28 de julho passado? Garimpando o que parecem ser os fatos, principalmente na mídia dita alternativa, consegue-se saber alguma coisa: as apurações começaram normais, as tais atas eram divulgadas regularmente, e davam vitória à oposição; um ataque hacker vindo da Macedônia do Norte (!!!!) interferiu no sistema de apuração, impedindo a divulgação das atas restantes, a grande maioria; as primeiras atas divulgadas eram de redutos oposicionistas, elas não permitiam uma projeção dos resultados; mesmo sem as atas, o governo declarou a vitória de Maduro, aparentemente baseando-se nos boletins de urnas, mas sem as atas que os confirmassem; a oposição alegou fraude, afirmou que o resultado anunciado era falso; EUA e seus aliados, principalmente a Europa Ocidental, reconheceram a vitória da oposição; Rússia, China e outros reconheceram a vitória de Maduro; Brasil, México, Colômbia e outros esperam pela divulgação das atas para enfim se manifestarem sobre a eleição.

Mas faltam muitas informações verídicas nesse imbróglio! Quem promoveu o ataque hacker a partir da Macedônia do Norte? Elon Musk? A quem esse ataque interessava? Como podem EUA e outros reconhecerem a alegada vitória da oposição? Com base em que dados? E como podem Rússia e China reconhecerem a anunciada vitória de Maduro? Por quais motivos não nos chegam dados seguros do que realmente aconteceu?

Não é novidade que os EUA sabotam o governo e a estabilidade venezuelanos, desde que nosso vizinho sul-americano assumiu o controle do petróleo do país, as maiores reservas do mundo da principal fonte de energia. Não é novidade que os EUA patrocinam, direta ou indiretamente, a sabotagem de governos e países que tentam manter-se soberanos, sem submeter-se ao mando da nação que perpetrou o maior ato terrorista da história: as bombas de Hiroshima e Nagasaki. Não é novidade que os EUA promovem guerras, golpes e lawfares (Vietnam, Irã, Coréia, Chile, Iraque, Cuba, Argentina, Afeganistão, Líbia, Síria, Paraguai, Brasil, Ucrânia, Palestina...) para proteger seus interesses econômicos e geopolíticos, favorecendo suas transnacionais e o deus mercado. Não é novidade que o “espectro da total dominação”, a ambição estadunidense de ser uma potência hegemônica, conduz à desinformação, à ignorância e ao extremismo, que engendra regimes autoritários mundo afora.

E a grande mídia, o que tem feito? Aqui entre nós, só se vê uma servil vassalagem à desinformação, que interessa aos EUA e seus agregados. Não se consegue ter acesso a duas opiniões. Só a opinião de que Maduro é um ditador, a Venezuela uma ditadura, a eleição uma fraude. Que vergonhoso papel da grande mídia e seus profissionais. Poderiam ao menos dar voz aos dois lados do imbróglio; não o fazem porque não estão comprometidos com a verdade, mas sim com alinhamentos fisiológicos que vêm de longe.

O imbróglio na Venezuela está personificando hoje os absurdos a que a ambição hegemônica dos EUA, e a subserviência da grande mídia, podem conduzir.