Quem assina esta não é um grupo de patrimonialistas entidades
patronais, mas é um simples professor. Mas tenho convicção que esta carta
representa o pensamento da grande maioria dos brasileiros,
A fala do General Mourão não usa estas palavras, mas ameaça
com o estado de exceção em que se suprimem os direitos, o que entre nós ocorreu
entre 1964 e 1985, durante a ditadura militar. E se hoje nossa jovem democracia
está criticamente estremecida pela crise entre os poderes e iniquidades neles
enraizadas, o estado de exceção em que os direitos são suprimidos é muito pior.
A diferença é que na ditadura as iniquidades, os crimes contra o cidadão e o
bem público, são ocultas a peso de chumbo e sangue, enquanto hoje temos certa
liberdade, transparência e segurança para denunciar e apurar.
E não nos iludamos que as forças armadas signifiquem acerto
nos rumos de uma nação. Se não bastassem os exemplos históricos da França de
Napoleão, da Alemanha de Hitler, da Rússia de Stálin, do Chile de Pinochet, do
Iraque de Saddam, lembremo-nos de que durante a ditadura militar brasileira o
país contraiu a maior dívida externa de sua história, só saldada na última
década. Para não falar na imensa dívida educacional, da dívida moral, da dívida
dos valores civilizatórios que constroem uma sociedade justa e solidária.
Estas dívidas estamos pagando até hoje, por isso nossa jovem
democracia ainda sofre esta crise que estamos vivendo. Mas crises são bem-vindas,
elas nos mostram que o velho está morto, já não funciona, e o novo ainda não
nasceu para substituí-lo.
O velho está morto. O Brasil do coronelismo, das abismais
injustiças sociais, dos privilégios das elites e de suas escandalosas
artimanhas para continuarem privilegiadas, está morto. A crise dos poderes que
vivemos hoje, inclusive o poder da mídia e dos empresários que elegem a maioria
dos políticos, não é fruto da falência dos princípios democráticos. Mas é fruto
justamente das forças que se opõem aos princípios democráticos, que sabotam e
corroem a democracia, que subvertem princípios e suprimem direitos, seja de
forma explícita, como nas ditaduras, seja disfarçadamente, como nas sociedades
em que os velhos privilégios e injustiças são implacavelmente defendidos.
O novo Brasil há de ser construído não somente sobre o pilar
da verdadeira honestidade, mas também sobre o pilar da inclusão e da justiça
social, o pilar da liberdade, o pilar da soberania nacional. É hora do Brasil
avançar, e não retroceder de sua jovem, imperfeita mas promissora democracia.
Intervenção militar, ditadura, nunca mais!
Um excelente texto para nossa reflexão.
ResponderExcluirMuito bem colocado Mário.
ResponderExcluirLiberdade e Justiça, em seu sentido amplo,apenas com Democracia.
Intervenção militar e Ditadura nunca mais. Quem viu e os viveu há poucos tempos atrás sabe dos seus malefícios.
Excelente e sensível texto.
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