Assustei-me de perceber uma possível conexão entre temas
que podem parecer tão desconexos: o livro/filme “Contato”, de Carl Sagan, a
série “Cosmos” do mesmo astrofísico, o documentário “Vida Extraterrestre” da
série “Explicando” da Netflix, o filme “Vida” de Daniel Espinosa (2017) e, por fim, o
fenômeno de ascensão da extrema direita no mundo, incluindo Bolsonaro no Brasil.
Em “Contato”, “Cosmos” e “Vida Extraterrestre” aparecem
questões cruciais: por que não temos notícias de outras civilizações, visto
que, dada a vastidão e idade do universo conhecido, é de se supor que não tenhamos
sido a única espécie inteligente a surgir no mundo? Se existem outras
civilizações, como elas teriam ultrapassado sua adolescência tecnológica? Se
não existem, teriam elas todas se extinguido durante essa tal adolescência
tecnológica?
Em “Vida”, uma ficção científica quase terror, os
humanos, supostamente seguros na estação orbital internacional, cultivam um
organismo unicelular dormente, encontrado a baixíssimas temperaturas no solo de
Marte. Para deslumbre dos pesquisadores, assim que estimulado o organismo
desperta e desenvolve-se. Mas o que no início parecia um ser gracioso e
amistoso, ao desenvolver-se foge do controle, passa a ser uma ameaça, os
cientistas tentam exterminá-lo. Então o organismo alienígena revela uma
qualidade implacável: a luta pela sobrevivência. Surpreende a todos, quebra
todos os protocolos de isolamento e segurança vigentes na estação orbital
laboratório.
Se pensarmos um pouco, o mesmo instinto implacável pela
sobrevivência é o que tem guiado a evolução das espécies no planeta Terra. O
nosso desígnio primordial é sobreviver, nossos instintos básicos são de
competição para superação dos competidores, reais ou imaginários. No passado do
planeta, fenômenos naturais tais como mudanças na composição da atmosfera,
congelamentos planetários, queda de meteoritos, promoveram extinções em massa
que propiciaram o desenvolvimento de novas espécies melhor adaptadas. Foi assim
que os mamíferos prosperaram após o declínio dos répteis decretado pela queda
do grande meteorito há sessenta e cinco milhões de anos.
Agora talvez estejamos vivendo a adolescência tecnológica
da humanidade. Nossa engenhosidade já nos permite construir artefatos para
destruir o planeta, já somos capazes de desencadear o aquecimento global ou de
degradar a atmosfera a ponto dela não mais nos proteger da radiação solar, somos
capazes de poluir os mares, as águas doces, os solos, o ar, somos capazes de
ameaçar a biodiversidade e o equilíbrio ecológico, somos capazes de manipular a
informação divulgada globalmente e induzir populações inteiras ao consumo, ao
desentendimento, à intolerância, à guerra... Não são mais os fenômenos naturais
que estão no limiar de promover mudanças globais.
A engenhosidade humana desenvolveu-se aparentemente sem
que tenha sido acompanhada pela evolução ética e espiritual. Somos capazes de
comprometer todos os sistemas naturais que são os responsáveis pela manutenção
da vida na Terra, inclusive a nossa vida. Passamos a ser a espécie dominante no
planeta, superpovoando-o, mas não logramos aprender regras básicas de
convivência de modo a preservar direitos equitativos, a garantir o respeito à
diversidade e a coexistência pacífica.
A ascensão da extrema direita no mundo, marcada pela
intolerância e violência, parece resultar destes dois fatores: primeiro, nossos
implacáveis instintos de sobrevivência, que nos fazem competitivos e
agressivos; segundo, a nossa adolescência tecnológica, já somos capazes de
destruir o planeta e a humanidade, mas ainda não somos capazes de controlar
nossos atos e avaliar suas consequências.
Será a humanidade capaz de guiar-se não só pelos
instintos básicos de sobrevivência? Será capaz de ultrapassar o crítico momento
da adolescência tecnológica para alcançar um estágio de temperança, tolerância
e paz?
Gostei muito das associações que você fez, pai. Tento ser otimista em relação a nossa adolescência, mas vários grandes pensadores atuais teimam em dizer que nossa civilização não deve durar mais um milênio.
ResponderExcluirVamos ver... quem sabe! Espero que possamos amadurecer, e que as bobageiras de adolescente sirvam pra nos ensinar grandes lições que possam ser usadas no futuro.
Essa nossa adolescência é francamente irresponsável. Tomará que não demoremos para nos demoremos nessa fase, senão a coisa complica. Já tentei comentar outras postagens vamos ver se dá certo.
ResponderExcluirMario, aprendi com o tempo a confiar em algum plano Superior. Acho que esse é um momento crucial na historia humana. Sabemos e já vivemos outros ciclos. Hoje tudo esta rápido demais. Adoro esse filme Contato com a Jodie Foster. Quando ela vai ao encontro do pai numa estrela distante, me emociono e viajo com ela. Quem puder, veja esse filme. Quanto a adolescência não sei se estamos nela. A eternidade não tem pressa. Abraços. Carlos SA
ResponderExcluirEspero que a humanidade escola o caminho da espiritualidade, so assim poderemos superar essa competição pela sobrevivência.
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