“O petróleo é nosso” foi o lema de uma das mais marcantes campanhas
nacionalistas no Brasil, que culminou com a criação da Petrobras estatal e a
nacionalização do petróleo em 1953. Não foi pouca coisa, foi necessário que
nacionalistas insignes, tais como Monteiro Lobato, se engajassem na campanha
que contagiou a população e moveu o governo a tomar decisões em prol do
benefício do País e seu povo e não das corporações transnacionais. Naquela
época já havia fortíssimo interesse das transnacionais em apossar-se dos
hidrocarbonetos em território brasileiro.
Ainda não se sabia (mas já se especulava) sobre os gigantes campos
petrolíferos na plataforma continental (no mar próximo à costa), mas já se
sabia então do enorme potencial do Brasil em gás natural nas bacias do Paraná,
do Amazonas e do Parnaíba. A exploração do gás foi colocada em segundo plano,
priorizou-se a exploração dos mais rentáveis (por enquanto) campos petrolíferos
das bacias de Campos e Santos, no mar.
A criação da Petrobras foi uma enorme conquista, à época em que o
brasileiro ainda lutava para escapar do complexo de vira lata que nos acometia,
sobretudo depois da humilhante derrota para os uruguaios na final da copa de
1950 no Maracanã. A Petrobras significou o reconhecimento de que acreditávamos
que tínhamos em território nacional a principal fonte de energia que move o
mundo, e estávamos dispostos a fazer com que a riqueza gerada por sua
exploração revertesse em benefício do País, e não para enriquecer ainda mais as
corporações transnacionais e seus prepostos.
A indústria do petróleo é a segunda maior indústria do planeta, só perde
para a indústria da guerra. E a guerra é movida por e para o petróleo. O barril
de pólvora que tem sido o Oriente Médio no último século, com constantes
guerras, é por causa do petróleo. A guerra Irã-Iraque fomentada pelos EUA foi
pelo petróleo. O assassinato do general iraniano no início deste ano foi pelo
petróleo. O embargo econômico ao Irã e à Venezuela, as tentativas de
desestabilização do governo desta última, são pelo petróleo.
E o que o governo brasileiro está fazendo no momento com nosso petróleo?
Embora diga que não, aos poucos o está entregando às mesmas corporações
transnacionais que na década de 1950 tentavam tomar posse do nosso ouro negro. As
concessões de exploração dos campos estão sendo afrouxadas a ponto que as
maiores beneficiadas sejam as transnacionais, não mais o Brasil. A
industrialização, que produz os derivados (combustíveis, petroquímicos,
fertilizantes), está sendo privatizada, submetendo o País a preços e interesses
internacionais, quando poderíamos ser independentes. Agora que somos
autossuficientes e exportamos petróleo, o preço do combustível na bomba do
posto depende de fatores alienígenas, como a guerra na Síria, a crise no Irã ou
na Venezuela. O preço sobe por motivos que interessam às transnacionais, não ao
Brasil.
É por esses motivos que os petroleiros estão em greve desde o mês de
janeiro. Ninguém melhor que eles tem a consciência da espoliação que significa
a privatização da Petrobras, ninguém melhor que eles tem noção da luta que foi
a criação da estatal e do monopólio de exploração. Mas a greve tem sido
divulgada? Só o foi amplamente pela grande mídia quando a justiça declarou a
greve ilegal. Para sabermos de que lado está a grande mídia.
Já sabemos de que lado está o governo atual. E de que lado está o povo
brasileiro?
Concordo com vc. Ao invés de corrigir os erros de administrações anteriores, preferir eliminar o problema. Não compreendo.
ResponderExcluirFacinha, os governos anteriores (os do PT) cometeram sim erros, mas muito mais acertos que erros, na Petrobras foi um colossal acerto. Mas a mídia pró privatizações fez boa parte da população só ver os erros, para poder colocar no governo quem agora está lá, loteando o Brasil. Para isso demonizaram o PT. Urge recuperarmos o discernimento, separar o joio do trigo.
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