domingo, 3 de maio de 2020

Esquerda versus direita


Conversando sobre o que significam esquerda e direita e sobre nosso próprio enquadramento ideológico, senti necessidade de debruçar-me sobre esse assunto. Falamos que, e dados históricos mundiais mostram isso, a população pode ser dividida em três grupos mais ou menos equitativos: os que querem que tudo continue organizado como está; os que se inquietam com o estado de coisas, e apostam na possibilidade de transformações para arranjos sociais mais equânimes; os que são indiferentes, não se identificam com nenhum dos dois tipos anteriores. Este terceiro grupo costuma alegar que não quer se envolver nas radicalizações dos dois outros, os quais quereriam impor a qualquer custo suas concepções de sociedade.
Os significados de esquerda e direita vêm da Revolução Francesa; à direita na Assembleia Nacional ficavam os monarquistas (continuístas), à esquerda os republicanos (revolucionários). Nas religiões, Cristianismo, Islamismo, Budismo, Taoísmo, Judaísmo, etc., seus fundamentos pregam sempre a solidariedade e o amor, o que implica transformação. Quando não é assim, o é pelas interpretações tendenciosas que se tem dado aos escritos sagrados.
Cristo era de esquerda? Ele pregava a transformação social, mas pelo amor, pela paz, não pela guerra. Uma revolução espiritual, não armada. Será que isso é possível? Mas Cristo tanto assustou o status quo da época que acabou crucificado, acusado pelo Império Romano, pelas autoridades religiosas e pelo povo, que o viram como uma ameaça à ordem estabelecida. Cristo pregava a justiça, o amor. Assim também Gandhi, John Lennon, Chico Mendes, Dorothy Stang, Marielle Franco e tantos outros. Pregavam, como Cristo, a revolução em prol da transformação para a justiça e o amor via pacífica. Acabaram todos assassinados.
Não creio que a divisão entre pobreza e riqueza seja questão de índole do ser humano, nem mérito, nem carma. Vejo mais como questão de oportunidades. A apartação social que vemos hoje resulta em sua maior parte da exploração do trabalho e da sabotagem da oferta de oportunidade à maior parte da população, que é confinada na miséria econômica e social. Mas acredito na mensagem cristã: a transformação deve ser pacífica.
Vejo entre os de direita aqueles que ou já pertencem às elites privilegiadas ou têm fortes intenções de logo chegar lá. E acreditam que isso seja fruto do mérito próprio: quem se empenha conquista. Existe gente assim em qualquer classe econômica e social. Entre estes também existem os pacíficos e os belicosos. Vejo muito mais belicosos; são individualistas, a quem falta o anseio da justiça social.
O grupo que fica em cima do muro, creio que são mesmo de direita. Alheamento, indiferença, só fazem perpetuar o status quo. Mas e aqueles que não querem saber de alinhamento político ou ideológico, mas dedicam a vida à emancipação das pessoas, venham elas da direita ou da esquerda, dos pobres ou dos abastados? Bem, estas pessoas diria que se parecem com Cristo, Buda, Maomé... Estão contribuindo para a grande revolução da compaixão, que desafia a humanidade. São portanto de esquerda?
Êita tema cabeludo!

3 comentários:

  1. Tema difícil mesmo. Acho que os indiferentes que você fala são a maioria silenciosa que é fácil presa de governantes inescrupulosos, marqueteiros sorRateiros (ou rasteiros) e mídia oportunista. Fácil fazer a cabeça deles que temem a um Deus improvável e pensam que se tivessem oportunidade estariam mamando nas mesmas tetas que mamam quem conseguiu chegar lá e "se dar bem".
    Estou escrevendo um novo artigo? Desculpe amigo.
    abraços.
    Carlos SA

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  2. Bom dia,
    A dificuldade de encontrar uma saída pacífica, passa pela falta de educação mesmo, de conhecimento geral e político . Não ha interação entre povo e políticos , após as eleições eles são inatingíveis , ainda mais com Brasília tão distante de todos.
    Excelente texto.
    Cuide-se

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  3. Olá, Prof. Mario
    Oportuna reflexão.Elucida a antinomia que foi apropriada pelas redes sociais (e outros meios de "comunicação") para produzir (manipular) um convívio social odioso.

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