Publicado no Jornal de Manhã em 27/10/2023.
Qual a verdade em Israel e na Palestina?
Como sempre, na guerra a primeira vítima é a verdade. Ela morre junto com a
lucidez, a sensatez, a humanidade. As notícias que nos chegam, aqui do outro
lado do mundo, não permitem que saibamos o que de fato se passa no Oriente
Médio. O que nos leva a fazer conjecturas.
O que teria feito o Hamas perpetrar o
bárbaro ataque que vitimou centenas de israelenses no 7 de outubro? Teria sido
um ato de desespero? Muito improvável. Nem os 75 anos de expatriação e
apartheid impostos aos palestinos fariam que eles realizassem a agressão que
Israel aguardava, para justificar seu intento de exterminar ou expulsar em definitivo
os palestinos. Como está fazendo agora. O que teria então acontecido naquele 7
de outubro?
Diz-se que é impossível que os serviços de
inteligência de Israel não soubessem de um plano de ataque do Hamas. Então, tal
como fez os EUA no 11 de setembro de 2001, teriam deixado acontecer, para
justificar a selvagem retaliação? Que, de outro modo, seria a escancarada
confissão dos planos de hegemonia mundial do Tio Sam? E, no caso de Israel, dos
planos de exterminar definitivamente os palestinos?
Nem um ato de desespero justificaria os
crimes do Hamas. Sabia-se que a retaliação seria monstruosa. Não é improvável
pensar que, de fato, o que tenha ocorrido tenha sido um plano arriscado, mas que
fugiu do controle. O Hamas pode ter pretendido fazer um grande número de reféns,
sem mortos, para negociações com Israel. Por troca de prisioneiros, água,
alimentos, medicamentos, energia, liberdade de locomoção... Enfim, pela
sobrevivência. Por esse motivo os alvos foram não militares, festas e outros.
Mas em Israel tudo é militar. Por algum
motivo, a ação planejada fugiu do controle. Ou pela reação armada de algum dos
pretendidos reféns, ou pelo descontrole de algum palestino mais irascível,
diante de impropérios a ele dirigidos por algum judeu mais fundamentalista. Um
disparo, e o que era para ter sido uma operação para fazer reféns acabou virando
uma matança.
E o ataque ao hospital em Gaza que deixou
centenas de mortos e feridos, a maioria mulheres e crianças? As trocas de
acusações sobre quem teria realizado o ataque parecem querer esconder outra
verdade: membros do Hamas, caçados, teriam procurado usar o escudo humano de
civis para proteger-se. Um risco imperdoável. Mas Israel menosprezou o “efeito
colateral” de centenas de vítimas civis. Talvez tenha encontrado ali outro pretexto
para continuar a limpeza étnica?
Judeus e palestinos são irmãos de sangue
milenares. Seu DNA é o mesmo. São fruto da mesma terra, dos mesmos povos
originais. Como puderam tornar-se inimigos tão mortais? E os judeus, como podem
hoje estar repetindo, talvez com ainda mais crueldade, perseguições de que
foram vítimas tantas vezes ao longo da História? Nada aprenderam?
A crise atual da civilização não é só
ambiental, ideológica, econômica, sanitária... Uma aguda crise ética e
espiritual está a desafiar a sobrevivência da Humanidade.
Terrível esse massacre , ruim esse infeliz do primeiro ministro querer dizimar o povo vizinho de tal forma. Território na falta de petróleo é motivo para gente tão pequena.
ResponderExcluirTão triste a guerra em qualquer momento. Há setenta anos Israel mata, estrangula os palestinos .Ganância e sim ,não aprenderam nada
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