Publicado no Jornal da Manhã em 19/02/2025.
Aprender o que de fato importa é sempre muito mais difícil
que aprender as bobagens cuja finalidade é desviar-nos a atenção das coisas essenciais.
Será que ainda não aprendemos as nefastas sequelas da anistia a crimes que
extinguem o estado de direito? Será que já percebemos o que seja o estado de
direito, e sua diferença para o estado de exceção, no qual os direitos do
cidadão são suprimidos? Será preciso relembrar quais são esses direitos:
liberdade de expressão, presunção de inocência, respeito à justiça, às leis, às
instituições republicanas e à vida?
Que momento oportuno para o premiado filme “Ainda estou aqui” estar alcançando consagração
mundial e, principalmente, nacional. Porque ainda há entre nós muitos
negacionistas que afirmam que no Brasil não houve ditadura militar. O filme
mostra a angústia da família de Rubens Paiva, um deputado trabalhista e
engenheiro brasileiro, primeiro caçado, unicamente por discordar da ditadura, e
depois preso, torturado, morto e desaparecido em 1971, por receber e entregar
cartas de familiares de exilados refugiados do regime ditatorial que caça
direitos. O crime contra Rubens Paiva tem consequências que vão além do pessoal
e do político: mostra o suplício de uma família violentada, que simboliza a
sociedade e a nação brasileira.
A vergonhosa anistia “ampla, geral e irrestrita”, uma lei
do governo militar de 1979, chocou o ovo da serpente. Até hoje, mais de 40 anos
depois, ainda sofremos no Brasil as consequências da impunidade daqueles que
julgam que caçar direitos e instaurar o terror arbitrário seja um caminho.
Caminho para quê? Para uma sociedade mais justa e próspera? Ou caminho para o
extravasamento de índoles fascistas ocultas sob a máscara de gente normal? Mas
que se comportam como golpistas sempre conspirando a favor de privilégios para
si e contra a justiça, a liberdade, a república, a democracia, o coletivo.
Agora estamos às voltas com o julgamento dos articuladores
e promotores da tentativa de golpe que culminou com o vandalismo de 8 de
janeiro de 2023, que devastou a Praça do Três Poderes em Brasília. As
investigações em curso já indicam que aquela depredação era só o gatilho para
deflagrar um golpe de consequências ainda piores que aquele de 1964. E de novo
surgem os defensores dos golpistas, a dizer que aquilo não foi tentativa de
golpe, nem que seus articuladores e promotores tinham intenção de golpe.
Quem hoje age pedindo anistia aos golpistas são ou os
anistiados de 1979, ou suas crias, eclodidas do ovo da serpente. Não são
estadistas, homens públicos que façam jus a tal denominação. Se fossem, agiriam
com honestidade, justiça, em prol da sociedade, da soberania e prosperidade do
país. Mas são fascistas, todos aqueles que, além de serem incapazes de ter
empatia e de dialogar, sonham com o mando sem freios e a impunidade.
Já é hora de se punir os criminosos que, sabotando a
democracia, se comprazem de manter o Brasil o gigante ajoelhado aos pés da
tirania dos impérios: ANISTIA NÃO!
Perfeito!
ResponderExcluirEssa perrenga talvez tenha seu ocaso com a prisão de todos e sem anistia