segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

O descobrimento do Brasil (ou "Votos para 2016")

          Não o descobrimento do Brasil de desventuras, que todos pasmamos hoje. Mas o descobrimento do novo Brasil. Novo ao contrário deste velho Brasil de vícios e improbidades, que não era assim, quando foi descoberto há cinco séculos pelos que aqui aportaram vindos de fora. O novo Brasil vai ser descoberto pelos de dentro. Aqueles de dentro a quem ainda resta a esperança, resta a lembrança do significado da palavra nação, resta o espírito de fraternidade que alimenta os homens e mulheres que já souberam o que é a fome, a vergonha, o medo, o cativeiro, o desterro, o vazio de perdas irreparáveis.

          A descoberta do novo Brasil vai soar como um tremor das almas, a lhes alumiar o desejo de liberdade, dignidade e concórdia. Esta alma do novo Brasil vai ser urdida com o fermento de todos os incontáveis ingredientes deste nosso país continente. A começar pela inocente e despojada honradez dos silvícolas que os aventureiros portugueses por aqui encontraram. À qual foram se juntando as razões das hordas de degredados, de refugiados e de expatriados que por aqui aportaram e ainda chegam. Cada qual trazendo seu quinhão de sabença dos ardis do mundo e de sonho de um outro mundo, melhor que aquele deixado para trás.

          Não faltam dádivas da terra e dos céus para animar as gentes a descobrir esse dormente e novo Brasil. Não faltam a água e o alimento fartos para a saúde do corpo e da mente. Não faltam os deslumbres e assombros da exuberante natureza para a saúde do espírito. Não faltam os materiais e a energia para alçar a engenhosidade humana à quimera da descoberta não só do novo Brasil, mas também da nova Terra, e quiçá de novos mundos.

          E com tantas bênçãos e acertos, e depois de muitos desatinados delírios, o novo vai vir desassoberbado. Impregnado da paz, da tolerância, da cooperação, da confiança, aprendidas nos descaminhos. A nação inteira vai ser nova. O povo vai ser novo, pela novidade do alumbramento e do devir. Como que por milagre, tudo que era pequenez da saga humana vai dar lugar a grandeza, e as gentes vão se dar conta da largueza e da alegria dos sentimentos que acolhem e aproximam. Assim como é larga a generosidade desta Terra que tudo nos dá.

          Afinal, a compreensão das palavras iluminadas daquele primeiro descobridor é que vai fazer revelar o adiado e novo Brasil.

4 comentários:

  1. Tomara que esse desejo de descobrimento de um novo Brasil seja contaminada por todos e quem sabe, realmente descobriremos esse novo Brasil.

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  2. Lindo e oportuno texto para o Brasil de hoje, tão carente de esperança no porvir. Abç, Mário.

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  3. Poético !!1 Espero que possa se concretizar e consigamos assistir o despertar de um Brasil melhor e mais humano para todos .Bj

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  4. Poético mesmo, pai. Que possamos ajudar a descobrir esse Brasil!

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