Não o
descobrimento do Brasil de desventuras, que todos pasmamos hoje. Mas o
descobrimento do novo Brasil. Novo ao contrário deste velho Brasil de vícios e improbidades,
que não era assim, quando foi descoberto há cinco séculos pelos que aqui aportaram
vindos de fora. O novo Brasil vai ser descoberto pelos de dentro. Aqueles de
dentro a quem ainda resta a esperança, resta a lembrança do significado da
palavra nação, resta o espírito de fraternidade que alimenta os homens e
mulheres que já souberam o que é a fome, a vergonha, o medo, o cativeiro, o
desterro, o vazio de perdas irreparáveis.
A
descoberta do novo Brasil vai soar como um tremor das almas, a lhes alumiar o
desejo de liberdade, dignidade e concórdia. Esta alma do novo Brasil vai ser
urdida com o fermento de todos os incontáveis ingredientes deste nosso país
continente. A começar pela inocente e despojada honradez dos silvícolas que os
aventureiros portugueses por aqui encontraram. À qual foram se juntando as
razões das hordas de degredados, de refugiados e de expatriados que por aqui
aportaram e ainda chegam. Cada qual trazendo seu quinhão de sabença dos ardis do
mundo e de sonho de um outro mundo, melhor que aquele deixado para trás.
Não
faltam dádivas da terra e dos céus para animar as gentes a descobrir esse
dormente e novo Brasil. Não faltam a água e o alimento fartos para a saúde do
corpo e da mente. Não faltam os deslumbres e assombros da exuberante natureza
para a saúde do espírito. Não faltam os materiais e a energia para alçar a
engenhosidade humana à quimera da descoberta não só do novo Brasil, mas também
da nova Terra, e quiçá de novos mundos.
E com
tantas bênçãos e acertos, e depois de muitos desatinados delírios, o novo vai
vir desassoberbado. Impregnado da paz, da tolerância, da cooperação, da
confiança, aprendidas nos descaminhos. A nação inteira vai ser nova. O povo vai
ser novo, pela novidade do alumbramento e do devir. Como que por milagre, tudo
que era pequenez da saga humana vai dar lugar a grandeza, e as gentes vão se
dar conta da largueza e da alegria dos sentimentos que acolhem e aproximam.
Assim como é larga a generosidade desta Terra que tudo nos dá.
Afinal, a compreensão das palavras iluminadas daquele primeiro descobridor é que vai
fazer revelar o adiado e novo Brasil.
Tomara que esse desejo de descobrimento de um novo Brasil seja contaminada por todos e quem sabe, realmente descobriremos esse novo Brasil.
ResponderExcluirLindo e oportuno texto para o Brasil de hoje, tão carente de esperança no porvir. Abç, Mário.
ResponderExcluirPoético !!1 Espero que possa se concretizar e consigamos assistir o despertar de um Brasil melhor e mais humano para todos .Bj
ResponderExcluirPoético mesmo, pai. Que possamos ajudar a descobrir esse Brasil!
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