sábado, 9 de janeiro de 2016

Diário da crise

          “Diário da crise” é o nome de um programa que todo dia vai ao ar em edição nacional na principal rádio de notícias do País, esta pertencente ao oligárquico cartel que controla ferozmente as comunicações em nossa Pátria. Valeria muito todo cidadão procurar conscientizar-se do poder da grande mídia em controlar os destinos do mundo. Há um sem número de estudos a respeito, em livros, teses acadêmicas, filmes, peças teatrais... Para começar talvez se possa pensar no livro Controle da mídia – os espetaculares feitos da propaganda de Noam Chomsky, que entre outros alertas, esclarece as eficientes estratégias utilizadas pela grande mídia para manipular a opinião pública.

          Aliás, estratégias que não são novas. Já mostraram sua impressionante eficácia ao conduzir a nação alemã à loucura do nazismo e ao conduzir vários países do mundo a genocídios fratricidas, como foi o caso de Ruanda na África na década de 1990. Que desvirtuamento! O poder da grande mídia poderia estar direcionado para o engrandecimento da humanidade, para o fortalecimento da democracia, da identidade, da liberdade, da cultura e da soberania dos povos. Mas infelizmente não é isso o que se observa ao longo da história. A grande mídia tem sido na verdade uma ferramenta dos poderosos para manipular a opinião do povo, transformando-o em massa de manobra que reage irracionalmente no interesse dos controladores da mídia, e não no interesse do povo.

          Vejamos o caso do Brasil, onde atualmente acontece o “Diário da crise”. E não é só este programa, todo o noticiário político e econômico é editado de forma a ressaltar os fracassos e esconder os sucessos do governo federal atual. Ao mesmo tempo em que se ressaltam os sucessos e escondem os fracassos dos governos dos apaniguados da mídia. A informação é sempre manipulada de modo a imputar os fracassos a uma das tendências ideológicas do País. E os sucessos à outra tendência, aquela dos protegidos da mídia.

          Poderíamos simplificar e dizer que falamos das tendências cujas siglas são PT e PSDB, que polarizam hoje o embate político/ideológico, já que outras siglas, como o PMDB, são camaleoas, não têm cor definida e assumem a defesa de interesses de conveniência. Mas esta simplificação não retrataria bem a realidade. As tendências em confronto têm natureza milenar, pois de um lado encontram-se as massas que vivem da força de seu trabalho e aspiram emancipação, justiça social e liberdade. E de outro agrupam-se aqueles que acreditam na força do poder da riqueza e da exploração do trabalho alheio. Ainda que para isso seja necessário impor condições injustas e até desumanas.

          Mesmo que esta polarização seja uma forçada dicotomia, como regra geral é legítima.  Seria mais realista denominar a luta de classes de guerra de classes, tantos foram suas vítimas. E, como em toda guerra, a primeira a sucumbir é a verdade, incansavelmente vilipendiada.

          A devastadora manipulação atual imputa aos trabalhadores e aos governos por eles eleitos todo tipo de fracasso: incompetência para governar, recessão econômica, caos político e toda forma de corrupção. O cidadão menos atento às artimanhas e manipulações midiáticas passa a acreditar na impotência do simples trabalhador na tarefa de transformar o mundo, e até de cuidar de si próprio.

          Neste afã de manipulação e convencimento perpetrado pela grande mídia, colocam-se em risco as ainda frágeis conquistas de nossa jovem democracia: o fortalecimento das instituições democráticas, o crescimento da grande empresa nacional de petróleo, a ascensão do País ao grau de investimento, a liquidação da colossal dívida externa deixada pelos governos anteriores, a melhoria na distribuição de renda, a diminuição do desemprego e da miséria, a melhoria da qualidade de vida da população mais pobre...

          Os controladores da mídia não têm escrúpulos em apoiar no parlamento um velho e astuto lobo notório pelas muitas trapaças e truculências em sua longa vida política dedicada ao interesse próprio. A ele está dada a incumbência de sabotar a presidenta que chegou pelo voto ao governo, e que tem na sua história de vida a luta pela liberdade e pela justiça, e cujo governo tem como metas a distribuição de renda, a justiça social e a soberania do País. Na faina de desmoralizá-la, acusam-na da praga maior do Brasil, a histórica corrupção. Assim fazendo escondem que esta praga que devora as riquezas e a moral do País está historicamente entranhada na identidade nacional, e que para ser vencida necessita de firmeza e honestidade. A começar pela honestidade da informação.

          Além do grande ultraje de ver a idealista presidenta colocada no mesmo nível do velho e astuto parlamentar, outras afrontas têm sido imputadas ao País. A voracidade das acusações faz o volúvel mercado hesitar, a economia regredir, o País perde o grau de investimento, e diz-se que é a incompetência do governo. Será? Ou serão os manipuladores da mídia, com o caos político que provocam, e os empresários, que se recusam a investir e a aumentar a produção, pois deliberadamente querem sabotar o governo, e assim fazendo na verdade sabotam todo o País?

          E a empresa estatal de petróleo, que já foi um exemplo para o mundo? Revela-se agora com grande estardalhaço que ela é envolvida por uma trama de corrupção, e o diário da crise apressa-se em atribuir esta corrupção ao governo atual. Mas esconde que tal trama corrupta que amarra a grande empresa já era conhecida lá atrás, em governos de outras cores. E também esconde que, infelizmente, em todo o planeta o inescrupuloso poder da riqueza do petróleo derruba e elege governos, às vezes através de fraudes colossais, e move guerras hipocritamente atribuídas à libertação de tiranias detentoras de armas de destruição em massa.


          Quantos ultrajes têm sido imputados ao País, e quantos ultrajes o País tem se deixado imputar! Ou será que na verdade secretamente muitos brasileiros nutrem o desejo de serem aceitos no clube dos manipuladores da mídia, e virem assim a se tornar um deles? Se assim for, então antes temos de aprender o valor da cooperação, comparado ao da competição.

2 comentários:

  1. Caro amigo, creio que nossas visões do que ocorre no pais não coincidem. Seria interessante que você mencionasse fatos e números, para evitar dúvidas. Por exemplo, é correto que a corrupção existe de há muito no nosso país, mas lembro-me que se falava de milhares e hoje se fala de bilhões. As ordens de grandeza são diferentes. Também, todos os indicadores econômicos (e mesmo os publicados por entidades internacionais, sem vínculo político nem com a imprensa) são pelo menos desanimadores. A dívida externa continua bem, obrigado, maior que antes e a dívida interna ficou astronômica sob o atual governo. Eu não tenho preferências por esse ou aquele partido e gostaria muito de estar errado, mas ainda acho que não. Abraços.

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  2. Bem, uma coisa que não é ressaltada, é em relação à dívida externa: ESTA FOI PAGA NO GOVERNO LULA, mesmo que tenham gritado contra. Nos governos anteriores, se o V. Thalacker não se lembra, os governos tucanos (que eram os que estavam no comando) PAGAVAM AO FMI APENAS OS JUROS DO PRINCIPAL, sendo que a dívida apenas aumentava. confesso que também não fui muito favorável ao pagamento da dívida externa, mas, no frigir dos ovos, se não tivesse sido paga, penso que estaríamos em situação pior que a Grécia, Portugal, Argentina ... Agora, sem remexer no passado, o valor do Proer supera em muito os escândalos financeiros atuais (não que ter um escândalo financeiro menor seja uma grande vantagem)... sds.

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