Conta-se
que o Criador, após criar o Planeta Terra e nele distribuir tendenciosamente os
recursos naturais (ver o texto Estória da criação, neste blog), por
muito tempo distraiu-se ocupando-se de criar e cuidar de outros mundos pelo
universo sem fim. Um belo dia, lembrou-se daquele iluminado e abençoado planeta
azul, e perguntou ao seu fiel ajudante:
¾ Pedro,
e como vai o Planeta Terra?
¾ Ah,
Mestre, está passando por um momento bem complicado...
¾ Como
assim?
¾ Pois
lembra-se que ele foi criado para ser um planeta de aprendizado pelo erro? Lá
colocamos benesses indescritíveis, únicas em todo o universo, mas ao mesmo
tempo para lá destinamos seres com a bênção da inteligência mas aos quais ainda
faltam a moral e a ética?
¾ Sim,
sim... Agora me lembro. Pensávamos que ao juntar esses ingredientes ajudaríamos
a evolução daqueles presunçosos e deslumbrados seres. E no que foi que deu?
¾ Pois
quero crer que estejam vivendo uma espécie de adolescência da civilização. Ao
mesmo tempo que conquistaram maravilhas tecnológicas, ignoram os limites do
respeito para com o próximo, para com o planeta, e até para consigo mesmos!
Praticam iniquidades cotidianas, destroçam-se em guerras e em crueldades
impensáveis, envenenam o planeta e até o próprio alimento... E eximem-se de
qualquer culpa sobre tudo o que fazem. Culpam os governantes que eles mesmos
escolhem, e às vezes culpam até nós, seus criadores! Parecem mesmo
adolescentes, com o corpo maduro para enfrentar as agruras da vida, mas sem
nenhum juízo para orientar as suas já evoluídas aptidões.
¾ Ora
vejam! Mas há salvação para esses seres desnorteados?
¾ Vamos
ver, vamos ver! Estão na adolescência de sua civilização! Se não se perderem
embriagando-se nos poderes que descobrem nesta fase, poderão aprender com os
próprios erros, e repensar os caminhos para uma civilização mais consciente,
mais solidária...
¾ Lembro-me
que ao distribuir as benesses naturais na Terra fizemos questão de
concentrá-las naquele imenso país que se chamaria Brasil. E como vai essa nossa
experiência?
¾ Ah,
Mestre... É bem uma mostra do que vai pelo mundo todo. Lembra-se que apesar de
sua imensidão e das incontáveis bênçãos que lá pusemos, seu povo andava com uma
deplorável baixa-estima, a ponto de seus pensadores autoimputarem-se um tal “complexo
de vira-lata”?
¾
Lembro, lembro... Mas fizemos algo a respeito, não foi?
¾ Sim,
aproveitamos atributos daquele ultrajado povo, a ginga e a malícia, e os
fizemos campeões mundiais de futebol. Passaram a ser admirados e respeitados em
todo o mundo, o que lhes serviu para fortalecer a identidade e melhorar a
autoestima.
¾ E
então?
¾ Então
que pouco mais de cinquenta anos depois, este povo, assolado por um
ressentimento de origem muito vil, saiu às ruas para protestar contra o
campeonato mundial de futebol no país. E o que é pior, na abertura do evento
perpetraram a maior grosseria de que se tem notícia na História para com um
dirigente legítimo, no caso uma mulher, ofendendo-a chulamente!
¾ Vixe!
Quanto desatino... E como ficou isso?
¾ Nosso
Departamento de Compensação de Iniquidades providenciou uma humilhante derrota
de 7X1 para o time que até então tinha sido freguês. O que era um orgulho
daquele povo virou sua vergonha. Vamos ver se eles aprendem...
¾ E
estão aprendendo?
¾ Não
sei não... Essas coisas demoram tempo até serem compreendidas e modificarem a
postura do povo. Daquele 7X1 até hoje eles têm alimentado um ódio interno, que
ora se manifesta nos estádios de futebol, ora se mostra em manifestações de
protesto nas ruas, ora se manifesta contra governantes e ideologias. Aquele que
era um país de povo pacífico parece que está alimentando um ódio interno, que
pode resultar num conflito fratricida, e não numa luta contra alguma ameaça
externa.
¾ Mas
que coisa estranha, Pedro. Como é isso?
¾
Complicado, difícil de explicar. Parece que forças externas ao país ainda
praticam aquela velha máxima “dividir para governar”. E o Brasil já ensaiava
tornar-se outra grande nação a buscar seu espaço entre os poderosos, mas estes
não desejam concorrência. E esses poderosos têm fortes aliados dentro do Brasil,
que trabalham incansavelmente para alimentar o ódio interno. E o povo, que não
gosta muito de refletir nem de assumir responsabilidades, deixa-se levar.
¾ O povo
é assim, leviano e omisso?
¾ Pelo
menos até agora muitos têm se comportado assim...
O Criador
calou-se por um instante, parecia refletir com os imateriais botões de seu
manto de luz. Então pronunciou-se:
¾ Pedro,
isso não pode ficar assim! Desta vez vou antecipar-me ao Departamento de
Compensação de Iniquidades. Já que parece que aquele povo está demorando muito
para aprender a usar as bênçãos do discernimento e da responsabilidade, vamos
diminuir-lhes a capacidade de pensar...
¾ Mas
Mestre, como vamos fazer isso sem contrariar a lei da evolução?
¾ Ora,
simples! Já tenho tudo planejado. Um mosquito disseminado pela própria
negligência do povo vai transmitir um vírus que vai diminuir o tamanho do
cérebro, e com ele a capacidade de pensar! Vamos ver se agora aprendem! E esse
vírus vai se chamar Zika...
Pai, aqui os travessões estão como "¾". Veja se não está assim aí também.
ResponderExcluirAdorei o texto, mas achei o final meio pesado haha espero que as pessoas
entendem e não se ofendam! Mas realmente me parece que tudo acontece por um motivo.
Ontem no Jornal Nacional teve pronunciamento da Dilma, que pediu pra população se espertar com o Aedis, falando que devemos ser responsáveis para erradicar o mosquito. E enquanto isso, as pessoas estavam fazendo panelaço sem prestar atenção no que ela falava. Lastimável mesmo. Não estão abertos a escutar nem o que diz respeito à própria vida de cada um.
Mas enfim, gostei muito do texto!
Beijoca!
Parabéns Mário, uma triste e verdadeira constatação da realidade. Temos as condições para mudar o rumo desta grande Nação, o Criador deu todas as condições para que pudéssemos utilizar em nosso benefício. Mas em algum momento os interesses coletivos e de partilha foram substituídos pelo individualismo, pela ganância, e pelo poder. Que o Criador nos capacite e nos guie sempre para que possamos como professor fazer a diferença.
ResponderExcluirPois é, a população brasileira não que usar o cérebro para pensar aí vem um mosquitinho do tamanho do nada e faz a sua parte. Brasileiro não precisa de cérebro precisa da Rede Globo.
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