Os jornais de Ponta Grossa da última terça-feira (16/04)
exibiram notícia com o título “Prefeitura economiza em contrato com a limpeza
urbana”. Mas o título da notícia bem poderia ter sido outro, por exemplo:
“Desde 2008 concessionária pratica sobrepreço e munícipes pagam taxa do lixo
superfaturada”.
O portal do TCEPR – Tribunal de Contas do Estado do
Paraná – informa que após auditoria do órgão realizada no contrato entre a
Prefeitura e a empresa Ponta Grossa Ambiental - PGA, concessionária da limpeza
pública, foi constatado sobrepreço que, pelas estimativas do TCE, chegaria a
24,2%. O tribunal também constatou “deficiência no controle e na fiscalização
dos serviços prestados pela empresa”.
Ou seja, desde 2008 os munícipes que pagam a taxa do lixo
estão pagando preços superfaturados, o que foi constatado pelo TCEPR ao perceber
que as despesas do município com a limpeza pública estavam acima do normal. E
que o descontrole por parte da contratante, a Prefeitura, permitiu a prática do
sobrepreço por tanto tempo.
A Prefeitura “vai economizar” com a correção imposta pelo
TCEPR aos valores do contrato, afirmam as notícias. Ou seria preferível afirmar
que Prefeitura e munícipes vão deixar de ser logrados pelo sobrepreço
praticado? E a PGA vai ressarcir a Prefeitura por esse sobrepreço? E os
munícipes, que pagaram a taxa de lixo calculada pelo sobrepreço, vão ser
ressarcidos pelo que foi pago a mais?
O pior é constatar que, com o superfaturamento que vem
praticando, a PGA vem auferindo recursos para serem investidos em dispendiosas
equipes de profissionais especializados, na obstinada tentativa de viabilizar a
implantação do aterro sanitário privado de sua propriedade em área
ambientalmente vulnerável, a mais inadequada do Município para essa finalidade.
Trata-se da área à margem direita do Rio Verde dentro da APA da Escarpa
Devoniana, próxima ao Parque Nacional dos Campos Gerais e ao Parque Municipal
do Capão da Onça, sobre a área de recarga do Aquífero Furnas. A PGA já teve
sentença condenatória em processo na Justiça Federal em que é ré por adulterar
e retirar dos mapas nascentes e áreas úmidas, o que fez para viabilizar seu
condenado empreendimento, situado em áreas de proteção permanente protegidas
por lei e colocando em sério risco mananciais subterrâneos que abastecem a
cidade de Ponta Grossa.
Traduzindo, a PGA recebe dos munícipes valores
superfaturados para assim investir na “legalização” de empreendimentos ilegais,
imorais e ímprobos, que mais uma vez vão lesar interesses coletivos.
E o papel da Prefeitura, da Câmara de Vereadores, dos
Conselhos Municipais, da mídia local? A questão do lixo urbano não é só uma
questão ambiental e de saúde, a prática do sobrepreço revela tratar-se também
de uma questão econômica, que pode lesar o munícipe que paga em dia os
tributos. Qual vai ser a postura destes órgãos municipais frente à constatação
de prática de sobrepreço identificada pelo TCEPR? Vão comemorar o não pagamento
do sobrepreço para os anos vindouros de vigência do contrato com a PGA? E os
anos em que fomos todos lesados? Vão ser esquecidos?
Tantos desmandos continuarão a acontecer somente se poder
público e cidadãos mostrarem indiferença. Não é tema, nem momento, para
omissão. Que cada protagonista assuma suas responsabilidades.
Em 2009 iniciou-se o embate sobre a implantação do aterro sanitário em área de preservação ambiental na Escarpa Devoniana.
ResponderExcluirEm 2010 foi sancionada a Lei 12.305/10 que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos. Segundo a lei nacional somente rejeitos podem ser depositados nos aterros sanitários, sendo obrigação dos titulares de servições públicos de limpeza urbana e manejo de resíduos implantar sistemas de coleta seletiva e de compostagem de resíduos orgânicos. Mais de 50% dos resíduos sólidos gerados no Brasil são orgânicos, podendo ser reciclados por meio de processos de compostagem, em qualquer escala: doméstica, comunitária e industrial.
10 anos se passaram e praticamente nada mudou em nosso município.
Certamente é hora de retomarmos nossas responsabilidades.
Compartilhando das mesmas inquietações e angústias, penso que é hora de unir forças novamente.
Há braços,
Luciana Moro