Os votos de ano novo confundem-se com os votos natalinos.
Natal, não esquecer, é a data em que convencionamos comemorar o nascimento de Jesus Cristo,
principal guia espiritual da Humanidade. Embora ela esteja se transformando na data apoteose do consumismo.
Cristo, sejam quais forem nossas convicções e crenças,
simboliza um ideal de ser humano. E qual foi a lição que Cristo procurou nos
ensinar, há mais de dois mil anos? Creio que ela possa ser abreviada na
sentença “Ama a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo”.
Advertência que teimamos, resistimos aprender, negamos. Esse
ensinamento-advertência nos diz muito.
“Ama a Deus”. Qual o entendimento que temos sobre Deus? Creio que não existam duas pessoas que pensem igual. Talvez seja mais certo
acreditarmos que não o conhecemos plenamente, mas conhecemos sua obra. Deus seria
o criador. Da vida, de nós mesmos, do planeta Terra, do sistema solar, do
universo. Se não conseguimos entrar num acordo sobre quem seja Deus, deveríamos
entrar num acordo sobre amar, e respeitar, a sua obra. Amar a vida, em todas as
suas formas, humana, animal, vegetal. E amar o planeta Terra, essa joia única
pairando no espaço, que nos concede o milagre da vida. Amar o ar que
respiramos, a água que nos dessedenta, os solos que produzem nosso alimento, os
recursos naturais com os quais a civilização prospera, as belezas naturais que
nos iluminam a alma. Amar os arranjos que fazem funcionar com perfeição tudo
isso que conhecemos. Amar a Deus poderia então ser traduzido como amar a
natureza.
“Ama o próximo”. Quem é mesmo o próximo? O familiar, o amigo,
o colega de trabalho, o correligionário, o vizinho de bairro? Ou o nosso
contemporâneo, esteja ele onde for, e que conosco compartilha este momento de
encruzilhada do ser humano, em que convivem o desperdício e a miséria, a
desfaçatez e a consciência, a imbecilidade e o discernimento, a beligerância e
a solidariedade, a ignorância e a sabedoria? O próximo talvez seja todo aquele
que conosco, nesta época de deslumbramento da Humanidade, enfrenta o desafio de
saber vencer o que dizem ser a adolescência da civilização, em que já temos
tecnologia para nos emanciparmos ou para nos aniquilarmos, e nosso juízo ainda
vacila sobre qual caminho seguir.
“Ama a ti mesmo”. É preciso que nos digam que devemos
aprender a amar a nós mesmos? As estatísticas sobre suicídios, crimes
passionais, doenças depressivas, consumo de drogas lícitas e ilícitas, parecem dizer
que sim. Além da renúncia de nós mesmos ao apelo da mídia que nos aliena, do
consumismo que nos ilude, dos comodismos que nos viciam, do individualismo que
nos distancia, dos falsos estadistas que nos aliciam.
Mas talvez, na sentença de Cristo, o primordial não seja
entender quem seja Deus, nem o próximo, nem o que signifique o ti mesmo. Talvez
o essencial seja mesmo o verbo amar. É esse verbo que já demoramos mais de dois mil
anos para entender.
Que em 2020 sejamos, então, mais amorosos. Um 2020 mais
amoroso, Brasil!
Meu caro Mario Sergio, que em 2020 possamos renovar nossas forças para resistir e superar todas estas dificuldades. Abraço fraterno!
ResponderExcluirQue o amor esteja sempre no coração da humanidade, seja em que tempo for.
ResponderExcluirvaleu, Mário, belo texto!
ResponderExcluirPrezados leitores do blog, se desejarem ter comentários publicados, por favor, identifiquem-se, não posto comentários anônimos, ainda que sejam de apoio.
ResponderExcluirSérgio,
ResponderExcluirEsse é o texto que eu queria ter escrito.
Jesus não era religioso ele pregou normas para que tivéssemos uma vida boa ,nobre e digna.
Ninguém o compreendeu , amar a todos como ele nos amou , fazer ao próximo o que quisermos que nos façam .
Viver em pazc as diferenças e diversidades .
Lamentávelmente idealizamos a humanidade , não somos nada bons , nem nobres nem dignos.
Espero estar errada.
Quisera ter essas esperança.
ResponderExcluirIdealizamos demais a humanidade , que nada tem de nobre , de digna de generosa.
Jesus e seus pais era um
foragido, na bíblia bíblia de seu nascimento nada se sabe por onde andou essa digna família
Retornou aos trinta e hum para morrer aos trinta e três.
Ele não nasceu nesta data. O povo mistura uma festa pagã com Jesus, mas o que importa é o comércio e não o objetivo dele em serenizar ânimos , em compreender as diferenças, em ajudar a todos incondicionalmente.
Espero 2020 com receio.
uma vez numa palestra da Sociedade Teosófica aqui de Brasilia, o palestrante falava sobre o AMAR exatamente desse triangulo que você fala no seu excelente texto: DEUS, O PROXIMO E SI MESMO. É preciso percorrer esse caminho pra chegarmos a plenitude. Lembrei de uma canção de Bob Dylan em que ele fala de "UM ENGRAÇADO E ANTIGO MUNDO,PARECE ESFOMEADO, DOENTE, ROTO E CANSADO,DÁ A IMPRESSÃO QUE ESTA MORRENDO, MAS QUE ACABOU DE NASCER".
ResponderExcluirDe toda forma Feliz 2020.
Abs. Carlos SA