Publicado no Jornal da Manhã em 05/01/2023.
Uma querida amiga psicanalista fez uma
análise do significado de Lula e da cerimônia de posse. Que evento! Uma
celebração no dia mundial da paz e da esperança que foi dignificada não só no
Brasil, mas no mundo todo. Pelo fato que o mundo todo compreende, talvez até
melhor que nós mesmos, brasileiros, que nosso país personifica o impasse
civilizacional que vivemos: de um lado o totalitarismo truculento e excludente,
de outro a democracia que inspira a solidariedade e a inclusão, e desestimula o
egoísmo.
Minha amiga chamou a atenção para as
muitas vezes em que, durante a longa cerimônia de posse, Lula foi tomado pela
emoção: voz embargada, olhos lacrimosos, mãos trêmulas. Uma figura humana,
sensível, frágil. Atributos ditos femininos. E a psicanálise assevera que as
relações humanas são fundadas no poder e na hierarquia, simbolizados no falo
masculino. Como pode, então, a vulnerável figura tão humana de Lula na posse
reunir a força e o poder necessários para comandar a conciliação de um país
cindido pela segregação e pelo ódio, que vêm sendo agravados entre nós há uma
década, desde as “jornadas de junho” de 2013? Segregação e ódio que vêm sendo
cultivados ao longo dos nossos cinco séculos de história, pela colonização
predatória, o extermínio dos nativos, a prolongada escravatura, a “independência”
decretada pelo poder imperial, a desastrada abolição?
O poder e a força de Lula não estavam
aparentes na figura do idoso comovido e fragilizado às lágrimas, na mesa do Congresso,
no alto da rampa e no parlatório defronte o Palácio do Planalto. A força de
Lula não estava visível na figura do líder que tomava posse. Nele, estava
invisível. Mas estava presente, na sua já comprovada habilidade de negociar e
de conciliar, enraizada numa surpreendente trajetória de vida, que o tornou um
homem capaz de compreender a injustiça e o sofrimento humanos, e de entregar-se
à construção de um mundo mais solidário.
Mas se a força e o poder de Lula não
estavam visíveis na sua frágil figura, estavam escancarados na multidão que o
ovacionava, entoando “Lula, guerreiro, do
povo brasileiro!” E que teve a honra de receber em retribuição o
cumprimento que foi o sensível e delicado reconhecimento da incansável
resistência da “Vigília Lula Livre”: “Boa-tarde,
povo brasileiro!” Paródia dos abençoados cumprimentos em coro de bom-dia,
boa-tarde e boa-noite dos 580 dias da injusta prisão em Curitiba.
A força e o poder de Lula estão no carisma
que mobiliza a multidão dos que se contagiam com o ideal de inclusão e justiça
social. Representados na posse pela gente do povo que entregou a faixa
presidencial. É esta multidão de apoiadores, os que já optaram pela
solidariedade contra o egoísmo, que deve manter-se mobilizada e atuante. Disso
depende que o governo do líder carismático e humano tenha sucesso no duro
desafio da luta contra os arraigados preconceitos e a cupidez que marcam a
natureza humana e a sociedade.
Maravilha!
ResponderExcluirE há de ter sucesso, a duras penas chegou a SP, a luta é sua vida e a vitória será sua história de vida.
Eu tô tão feliz que chorei de novo lendo seu texto, pai. Que os próximos 4 anos sejam de muito crescimento e renovação ❤️
ResponderExcluirQue sejam frutíferos os anos que virão, sob a batuta do Lula! Esse Lula ladrão, que roubou o meu coração!!
ResponderExcluirSim, Lula pisou na bola em alguns eventos do passado, deu a volta por cima e agora voltou melhor. Se deixarem ele trabalhar com sua equipe teremos de novo o Brasil que gostamos, um pais diverso,com boua parte de seu povo generoso e espero que ele consiga torna-lo mais justo.
ResponderExcluirabs.
Carlos SA