Publicado no Diário dos Campos em 29/10/2015
Surpreendo-me de ver na Universidade, entre professores, alunos, funcionários, uma situação que me parece paradoxal. Por um lado, tornou-se politicamente correto, ou politicamente obrigatório, manifestar-se contra todo tipo de discriminação: os afrodescendentes, os indígenas, os oriundos de escolas públicas, os LGBTs, os imigrantes... Por outro lado, nunca vi tanta discriminação contra um partido político, o PT, e seus expoentes, o ex-presidente Lula, a atual Dilma, e outros. Não que o partido e seus líderes não cometam erros que precisam ser apurados e responsabilizados. Mas a discriminação atual é fundamentada? Preocupo-me quando, por brincadeira ou por costume, perante qualquer problema alguém pronuncia: “É culpa da Dilma”, ou quando vejo adesivos nos veículos da elite “FORA PT, E LEVE A DILMA JUNTO”.
Surpreendo-me de ver na Universidade, entre professores, alunos, funcionários, uma situação que me parece paradoxal. Por um lado, tornou-se politicamente correto, ou politicamente obrigatório, manifestar-se contra todo tipo de discriminação: os afrodescendentes, os indígenas, os oriundos de escolas públicas, os LGBTs, os imigrantes... Por outro lado, nunca vi tanta discriminação contra um partido político, o PT, e seus expoentes, o ex-presidente Lula, a atual Dilma, e outros. Não que o partido e seus líderes não cometam erros que precisam ser apurados e responsabilizados. Mas a discriminação atual é fundamentada? Preocupo-me quando, por brincadeira ou por costume, perante qualquer problema alguém pronuncia: “É culpa da Dilma”, ou quando vejo adesivos nos veículos da elite “FORA PT, E LEVE A DILMA JUNTO”.
Esta situação faz-me lembrar do antissemitismo e seu apogeu, o holocausto durante a segunda guerra mundial. Hitler tinha lá seus motivos, objetivos e subjetivos, para promover aquela barbárie. O principal motivo objetivo era apoderar-se das imensas riquezas acumuladas pelos judeus, e assim alimentar sua insaciável máquina de guerra. Os motivos subjetivos, esses talvez seja necessário perguntar a Freud. Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, utilizou um princípio simples para convencer a nação alemã da ameaça semita: o condicionamento reflexo. O mesmo que Pavlov já havia demonstrado quando fez cães salivarem ao toque de uma sineta, mesmo sem apresentar-lhes o bife. O suposto perigo semita foi tantas e tantas vezes afirmado pela mídia controlada pela tirania nazista que a população começou a reagir instintivamente e aceitá-la como verdade. Uma tática muito repetida ao longo da história, a insistente repetição de um factoide transformando-o numa falsa realidade, que é percebida como uma inquestionável verdade.
Estaríamos atualmente vivendo algo parecido no Brasil? Não vivemos num regime nazista, isto é certo. Mas a mídia hoje é muito diferente da mídia do Terceiro Reich? Quem a controla? Com quais interesses? E, se a mídia tem o interesse de estigmatizar o PT, Lula, Dilma, quais seriam seus motivos, objetivos e subjetivos, para tanto? Por certo o PT não é detentor de riquezas materiais que interessem aos controladores da mídia atual. Seriam então detentores do quê? Talvez um partido que tenha surgido de movimentos sindicalistas, que tem como princípios a participação popular, a valorização da força de trabalho e das oportunidades para todos, a superação da fome, da ignorância e da pobreza, a inclusão social e, sobretudo, a soberania e libertação do cidadão e da nação, tenha, sim, muitas riquezas que interessam a outros. Ou incomodam e atrapalham a outros. Grosso modo, pode-se dividir a humanidade em dois grupos: os que acreditam em cooperação e solidariedade, e os que acreditam em castas privilegiadas e competitividade. Em qual destes grupos alinha-se o PT, a mídia, cada um de nós? E repito, não que o PT não tenha seus erros, que precisam ser apurados.
Já as razões subjetivas para a estigmatização do PT e de seus quadros, este talvez seja um assunto para Freud e Pavlov.
Mário,
ResponderExcluirFundamental disseminar suas opiniões, sempre relevantes !
Sucesso!
Existe um pouco em muita gente a velha maxima do: HAY GOBIERNO, SOY CONTRA. Lembro um pouco antes do Lula ganhar a primeira eleição , minha caixa de emails ficava cheia de piadas contra FHC e seu governo. Pensei, daqui a pouco todas essas mesmas piadas e criticas so mudarão de nome, as piadas serão as mesmas. Dito e feito. É assim que funciona a cabeça das pessoas. Alias, acho que criamos um monstro com essa pseudo democracia de balcão. E dele poucos escapam. Talvez porque ainda não chegaram no poder. Sei la. abraços SA
ResponderExcluirAcho importante este novo espaço para discussões e reflexões. É uma ótima oportunidade para analisarmos questões sociais e "perrengas" a partir da visão crítica de um grande estudioso e intelectual. Parabéns pelo blog.
ResponderExcluirProf. Mário.
ResponderExcluirQuando vi a imagem do blog tinha certeza que algo levaria ao Sr. Pois Lembro de ela surgiu no final da década de 1990, em uma das Semanas de Geografia, a qual ainda tenho uma camiseta.
Fico muito feliz em mais uma vez ler um texto de sua autoria, onde nos proporciona momentos de reflexão profunda do que nos cerca, e do que estamos vivendo.
Parabéns pelo texto, e pelo blog.
até breve
Att
Heracto
Parabéns pelo blog, Mário, é fundamental divulgar estes textos
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