Momento de
eleição, momento de repensar a missão da Universidade pública. Dizer que seja
ensino, pesquisa e extensão é estacionar na mesmice burocrática de quem não tem
verdadeira compreensão do alcance do papel das instituições de ensino superior
públicas. Na Universidade são formados professores, técnicos, os profissionais
que dão continuidade à formação e ao aperfeiçoamento dos futuros profissionais.
Os cidadãos, os homens (e, felizmente cada vez mais, as mulheres) públicos, os
futuros administradores e tomadores de decisões que afetam toda a sociedade.
Historicamente,
a Universidade tem sido a instituição onde se produz e onde se transmite todo o
conhecimento essencial para o progresso da sociedade, pelo ponto de vista de
quem a financia. Progresso não só tecnológico, mas sobretudo social,
filosófico, moral, cultural... A Universidade pública tem, então, em tese, de
priorizar o interesse de quem a financia: o público, o coletivo, visto que
todos contribuem para seu custeio.
As pressões
para a privatização da Universidade são fortes: toda a estrutura construída com
o esforço público passaria a interesses privados. Além do imenso negócio da
formação superior cair nas mãos de quem prioriza o lucro, esta formação poderia
então ser direcionada para os interesses dos negociantes.
Nos dias 15 e
17 de maio realiza-se a eleição para reitor e vice-reitor da UEPG. A UEPG é
importante? Lamentável que ainda muitos neguem ou não enxerguem essa
importância. Por sua antiguidade, tradição, alcance regional, multiplicidade de
cursos e atividades, infraestrutura, a UEPG tem um potencial inquestionável. Acentuado
pela singularidade da região e da cidade de Ponta Grossa. E qual a importância
de sua direção, personificada antes de tudo pelo reitor e vice-reitor? Capital.
São eles que definem a forma de preenchimento dos muitos cargos de confiança
que vão administrar e determinar os rumos da instituição.
E atualmente
quais deveriam ser estes rumos? Uma espiada na situação mundial e nacional pode
nos dar algumas pistas. Vivemos uma época de retrocesso. Direitos humanos,
conquistas trabalhistas, probidade, liberdade de expressão, inclusão social,
respeito às minorias, igualdade de direitos, paz, soberania de povos e nações
têm sido ameaçados e violentados em todo o mundo. E não é diferente no Brasil,
onde os três poderes encontram-se em grave crise. Profundas distorções permitem
que a insegurança e o medo intencionalmente disseminados sejam transformados em
ressentimentos e ódios que só visam desarticular as forças sociais e facilitar
a perpetuação de estruturas de dominação herdadas de séculos de escravatura.
Insidiosa manipulação substitui o sentir e o refletir por reflexos
condicionados, controla a opinião e constrói consensos avessos ao interesse
coletivo.
A Universidade
antes de mais nada tem de manter-se pública, e gratuita. Sua direção deve ter
compromisso com o interesse da sociedade como um todo, não de corporações,
ideologias e muito menos associações e sociedades secretas. E a sociedade é
diversidade, é conflito. A Universidade tem de buscar condições de dialogar, de
buscar e reconhecer consensos que signifiquem prosperidade da maioria. Para
tanto é preciso que seja capaz de discernir, de analisar, de criticar, de
autocriticar-se.
Que a
comunidade universitária saiba escolher seus futuros dirigentes. Que estes tenham
grandeza moral à altura do papel da instituição, que deve zelar pela capacidade
de pensar e de fazer as escolhas mais adequadas para o aperfeiçoamento de nossa
conflituosa sociedade.
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