Dia de
comemoração da Independência, quase duzentos anos! Dia de reflexão. O Brasil
hoje encontra-se em profunda crise, um retrocesso quase inimaginável. O
desemprego avança, a dívida pública cresce, direitos trabalhistas regridem, a
miséria volta a fazer parte do nosso cotidiano, o fascismo, o ódio, a violência
revelam-se sem escrúpulos, a juventude nas escolas públicas demonstra que não
acredita nos benefícios da educação, prefere vias alternativas para a
sobrevivência.
Como chegamos
a este ponto, depois de um perceptível avanço na democracia após a ditadura
militar? Tentar responder a essa pergunta é essencial para podermos colocar o
país de novo num rumo de progresso social, econômico e político, fortalecendo
sua autonomia perante a rapinagem internacional.
O Brasil é um
país continente. Com clima generoso, é o detentor dos maiores caudais de águas
doces do mundo. É também o país que recebe a maior insolação, a energia do
futuro. Tem minérios, solos agricultáveis, petróleo, uma espantosa
biodiversidade que encerra incontáveis insumos naturais conhecidos e
desconhecidos. Abriga uma vasta população com identidade cultural, religiosa e
de idioma. Um povo de índole pacífica, amistosa e hospitaleira, os brasileiros
são alegres, criativos, artistas por natureza.
Tudo isto faz
do país uma jóia preciosa e rara, neste nosso planeta precioso e raro. Há muito
despertamos a cobiça estrangeira. Mas de todas as ameaças, aquela que vem da
águia cujas garras e bicos parecem querer subjugar todas as nações e povos do
planeta é a mais ameaçadora. A águia é um predador implacável, insaciável. No
Brasil, derruba governos eleitos (Getúlio, Jango, Dilma), implanta ditaduras e
doutrinas de segurança criminosas, coopta uma elite mercenária tirana dominada
por preconceitos atávicos e egoísmo desmesurado. Elite que não logra atinar com
o ideal de uma nação justa e soberana, onde a igualdade de direitos e a
ausência de privilégios fariam com que todos vivessem melhor.
O notável
economista John Maynard Keynes na primeira metade do século XX já alertava que
a economia saudável depende de três pressupostos: disponibilidade de bens,
recursos para adquiri-los e vontade para produzi-los. E que esta vontade
depende da expectativa. Para o economista, os empreendedores são movidos por um
“espírito animal” selvagem, por isso a necessidade do controle da economia pelo
Estado.
No Brasil,
fez-se um esforço para aumentar a capacidade do povo simples para adquirir bens
básicos, através de programas sociais, aumento dos salários menores, programas
de investimento em obras de infraestrutura para avançar no pleno emprego,
distribuição da renda. Mas a elite mercenária, presa de atavismos escravocratas
que marcam a ferro e fogo a história do país, não suportou ver o outrora miserável
prosperar. Controladora dos meios de produção, da mídia e dos políticos e
legisladores, essa elite atrasada e assustada freou investimentos, travou o
necessário aumento da disponibilidade de bens, desempregou, minou expectativas,
alardeou e potencializou uma crise que poderia ter evitado, emperrou o
crescimento, sangrou a economia.
E enquanto o
fazia, usando a mídia a seu serviço, acusou o governo popular de ser o único responsável pela corrupção e os desacertos do país. Conseguiram o golpe que,
mais uma vez em nossa história, derrubou o governo legítimo e colocou em seu
lugar um fantoche dos interesses das corporações transnacionais e da elite
mercenária, que estão fazendo o país voltar aos tempos da colônia fornecedora
de matérias primas e de mão de obra escrava. A lógica de tais interesses é
simples: prioridade para o mercado em detrimento dos trabalhadores,
fortalecimento de uma casta de mercenários nacionais entreguistas com altos ganhos,
internacionalização da economia, concentração da renda, empobrecimento da
população simples.
E só o
conseguiram porque a elite do país cumpre muito bem seu papel de mercenários
entreguistas, que não conseguem colocar o interesse coletivo, o ideal de nação,
acima de seus atavismos e ambições egoístas. Esta elite está sabotando o
Brasil, um país que tem tudo para ser uma grande nação. E que não será
independente enquanto a vontade popular não prevalecer.
Coberto de verdade , apesar de nós entristecer demais
ResponderExcluirMuito bom artigo é uma boa reflexão.
ResponderExcluirSempre lembro dessa frase do educador e sábio Paulo Freire:
ResponderExcluir"Seria uma atitude ingênua esperar que as classes dominantes desenvolvessem uma forma de educação que proporcionasse às classes dominadas perceber as injustiças sociais de maneira crítica.".
Acho que cabe bem nesse seu texto.
abs. Carlos SA