Publicado no Jornal da Manhã em 23/07/2019.
O caso dos navios iranianos no porto de Paranaguá
paralisados por falta de combustível é emblemático. Mostra o
que está sendo feito em termos de relações internacionais do Brasil, com efeito
sobre as empresas brasileiras, entre elas a outrora gigante Petrobras, e o
comércio internacional do país.
Os navios não recebem o combustível pois a Petrobras
seria a única fornecedora disponível, e ela se nega a fazê-lo. Razão: “temor”
de possíveis retaliações econômicas dos USA, que desde 2018 boicotam o Irã com
sanções de todo tipo, acusando o país asiático de quebra de acordo nuclear
internacional. Uma acusação muito discutível vinda de um país que há quase um
século submete o mundo à força de seu poderio militar.
Os navios trouxeram ureia, uma matéria prima de
fertilizantes essenciais para um estado agrícola como o Paraná, e deverão
transportar milho, um componente alimentar, de volta ao Irã. Este país é um
importante parceiro comercial do Brasil, só no primeiro semestre o superávit
comercial brasileiro ultrapassou um bilhão de dólares.
Quantos significados nos traz este episódio! A outrora
gigante Petrobras, que tinha uma política independente e alcançava o mundo
todo, agora é uma empresa refém dos interesses estrangeiros. A Petrobras foi
esfacelada pelas denúncias de corrupção que lhe foram imputadas nos últimos
anos, desde a descoberta das gigantes reservas do pré-sal. Corrupção que é regra nas
grandes transações internacionais, principalmente naquelas envolvendo energia,
mas que governos e empresas resolvem com acordos sigilosos que não quebram nem
submetem países e companhias. Não foi o caso com a Petrobras e o Brasil: a
corrupção quebrou-nos como país e às nossas grandes empresas, e submeteu-nos aos
protagonistas da “total dominação” do planeta, os USA.
Acordemos: o Tio Sam não é a democracia protetora da
liberdade e dos direitos humanos, mas é o país que desde as bombas de Hiroshima
e Nagasaki vem repetindo os maiores atos de terrorismo e de barbárie no mundo
com um único objetivo: o poder hegemônico mundial. Hegemonia quer dizer
inexistência de outros polos de poder, como o Brasil ameaçava tornar-se, com
seu território, seus recursos naturais, solos agricultáveis, água abundante,
localização estratégica na América do Sul e no Atlântico Sul, o extenso mar
territorial, o tamanho da população e a indústria e infraestrutura já
instaladas.
Mas a submissão da Petrobras e do atual desgovernado
governo brasileiro à aspiração hegemônica do Tio Sam nos faz perguntar: qual a
razão de nos tornarmos reféns de interesses que parecem contrariar nossos
interesses? Será que no Brasil não existem mais patriotas, na política, na
justiça, no governo, nas forças armadas, nos empreendedores, que acreditem que
o país tenha um futuro promissor independente de ter de submeter-se ao grande
poder hegemônico do império estadunidense? Ou a razão seria outra?
Não parece improvável que existam outras razões. Se
acreditamos que o Brasil seja um país com um futuro promissor viável, o que nos
fazem supor os muitos privilegiados atributos com que nosso país é abençoado, porque
estariam hoje nossas grandes empresas e nosso governo curvando-se aos
mesquinhos interesses e ditames de Tio Sam? Será que nosso desgovernado governo
atual teria rabo preso com o tirânico imperador do norte? Quais seriam as
razões deste rabo preso? Talvez a secreta ingerência do império estadunidense nas circunstâncias das eleições que levaram o atual
desgoverno ao governo do Brasil? Talvez promessas inconfessáveis para um governo
que se mostra igualmente propenso à violência e à dominação?
Está na hora dos brasileiros acordarem, antes que nosso
país seja entregue à ganância e à sanha estrangeira de forma irreparável.
Nossa !!
ResponderExcluirEu sabia da submissão , mas a esse ponto é bastante preocupante.
Será que esse presidente é o responsável ou tem gente inteligente fazendo essed ?