A Sanepar anuncia, e logo seus arautos não se cansam de
proclamar, que a cidade de Ponta Grossa (a Princesa dos Campos) é uma das
cidades melhor saneadas do País. Será verdade? Se assim é, por que quem conhece
os muitos arroios urbanos da cidade sabe que todos eles são esgotos a céu
aberto? Por que as análises da qualidade da água do Lago de Olarias, ainda a
ser inaugurado, sempre dão qualidade insatisfatória? Por que o Instituto das
Águas, no ano de 2015, empenhou-se em rebaixar a categoria dos rios da cidade
no que diz respeito à qualidade da água, reconhecendo a incapacidade de
mantê-los limpos? Esta grosseira contradição parece querer fazer crer que o
cidadão ponta-grossense satisfaz-se com as aparências da imagem da cidade, ainda
que falsas.
É possível que o anúncio da Sanepar esteja fundamentado
em dados que não correspondem à realidade. É bem possível que a rede urbana de
coleta de esgotos seja mesmo uma das maiores do País. Mas numa cidade antiga
amiúde os esgotos não estão conectados à rede de saneamento, mas sim à rede de
captação das águas das chuvas, que acaba indo parar nos arroios e no Lago de
Olarias. Reparar este problema demandaria um minucioso trabalho de investigação
de edificação por edificação, para saber se a destinação do esgoto está
correta.
Outra aparente marca do conformismo do ponta-grossense
com bizarrias é aquilo que pretende ser uma ciclovia na Av. Bispo Dom Geraldo
Pellanda em Uvaranas. Que disparate! Sem adequar a largura da via de autos,
pintou-se uma estreita faixa à direita sinalizada, no piso e com placas,
indicando tratar-se de uma ciclovia. Ironicamente, há placas orientando os
motoristas dos autos para distanciar-se um metro e meio do ciclista. Mas se
assim o fizer, o motorista vai invadir um metro e meio a faixa à sua esquerda.
A pretensa ciclovia é uma empulhação. Uma vergonha para qualquer cidadão, daqui
ou de fora, que a vê e se pergunta se os moradores da cidade deixam-se iludir
tão grosseiramente.
Bizarrias como essas contaminam o senso do que seja
correto de toda a população, cidadãos e autoridades. Os mecânicos da oficina de
motos na Carlos Cavalcante não se incomodam de lavar as motos e lançar os
efluentes na sarjeta, que vai para a rede pluvial, levando os piores poluentes
para as águas que vão encher o Lago de Olarias. O fiscais, apesar de
notificados, negligenciam a fiscalização. Os proprietários rurais ignoram, ou
fazem que ignoram, os essenciais préstimos ambientais das unidades de
conservação nas cercanias da cidade, pois estão deslumbrados com o lucro rápido
e altamente impactante. E ainda bravateiam que nas suas propriedades cuidam
melhor do meio ambiente que a população da cidade.
Isso tudo configura um conjunto de hipocrisias de uma
melindrosa princesa acostumada a falsas aparências em nome de uma imagem
enganosa. Como se sabe que era usual na nobreza que não tinha responsabilidade
com seus súditos nem seu lugar.
Um povo digno, uma cidade digna, não são edificados sobre
imposturas, mas sobre a verdade. Já muito se disse, “a mentira desgasta
relacionamentos, a verdade não; a verdade devasta”. Estaremos qualificados para
enfrentar os desafios da verdade?
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