quarta-feira, 8 de setembro de 2021

Nação, essa teia que nos une

 

Texto extraído de http://www.abc.org.br/2021/09/06/nacao-essa-teia-que-nos-une/ de autoria de Dom Walmor Oliveira de Azevedo (CNBB), Felipe Santa Cruz (OAB), José Carlos Dias (Comissão Arns), Luiz Davidovich (ABC), Paulo Jeronimo de Sousa (ABI), Renato Janine Ribeiro SBPC).

 

7 de setembro de 2021. Momento crucial para refletir sobre o fortalecimento da democracia, em prol de uma sociedade livre, justa e solidária.

Lançando um olhar sobre o Brasil, vemos a data nacional envolvida em ataques extremistas às instituições e rumores de ruptura da ordem. Num plano mais abrangente, poderíamos perguntar o que há para ser celebrado com quase 600 mil mortos pelo coronavírus, 15 milhões de desempregados, 19 milhões de brasileiros passando fome, 5 milhões de crianças fora da escola, recordes de desmatamento e aumento acentuado da desigualdade. Diante de tantas tristes marcas, cabe indagar: como defender e levar adiante este projeto que é de todos, chamado nação?

Há dois séculos juntaram-se as condições objetivas e subjetivas para que o Brasil assumisse o seu destino, supostamente sob o brado de “independência ou morte”. Mas foi a disposição coletiva, mais do que o grito solitário do monarca, que nos impulsionou a seguir adiante, consolidando a independência e inaugurando um projeto nacional.

A nação, como conceito, tem a ver com essa teia de afinidades —históricas, culturais, linguísticas e sociais— que só ganha sentido se compreendida como a união generosa e inclusiva entre pessoas, tomadas como sujeitos plenos de direitos e tratadas com igual respeito e consideração. E é justamente o que nos impulsiona a seguir juntos, do jeito que somos, de onde viemos, para onde queremos ir, no sentimento de pertencer a algo que é base da identidade nacional.

A apropriação da nossa data cívica por indivíduos obstinados em semear divisões entre os brasileiros, disseminando o ódio e a intranquilidade para dar passagem a um projeto político de viés personalista, declaradamente autoritário, deve ser repudiada por toda a sociedade. Porque essa apropriação não cabe, e jamais caberá, no projeto de nação que está inscrito na Constituição, tecido por mulheres e homens de todas as raças e todas as crenças, geração após geração. A nação, aos seus, pertence.

Sabemos que governos vêm e passam. Governantes podem entrar para a história pela porta da frente, como servidores do seu povo, ou sair pela porta dos fundos, como demolidores do futuro. Mas, a nação, essa deverá se manter como um projeto coletivo, visando o bem comum. Por isso, em nome das nossas entidades, conclamamos os brasileiros a fortalecer a teia de afinidades que nos irmana e, ao mesmo tempo, nos distingue no mundo. Que isso seja feito através do diálogo construtivo, na garantia plena dos direitos humanos, no respeito à diversidade, no acolhimento aos mais vulneráveis, na preservação do meio ambiente, que é nosso patrimônio comum, e no compromisso com os valores civilizatórios, sempre em defesa da dignidade humana.

As vozes que saem a pregar a discórdia, muitas vezes enganadas ou insufladas por indivíduos guiados apenas pela ambição de poder, tentarão fomentar o caos para justamente esgarçar a teia tão rica que nos une. Que a consciência moral da sociedade prevaleça, mostrando-lhes que uma nação livre e soberana é fruto da convivência humana em clima de paz, respeito e harmonia. Esse é, e sempre será, o verdadeiro brado da brava gente brasileira.

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)

Felipe Santa Cruz - Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB)

José Carlos Dias - Presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns - Comissão Arns

Luiz Davidovich - Presidente da Academia Brasileira de Ciências (ABC)

Paulo Jeronimo de Sousa - Presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)

Renato Janine Ribeiro - Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)

 

Um comentário:

  1. O Brasil é e continua sendo uma colônia. Esqueçam essa balela de independência. Os mesmos sinhôzinhos habitantes da Casa Grande ainda escravizam a maioria do povo. E assim sera ainda por quanto tempo?
    A resposta esta soprando no vento. Esperamos que sejam ventos de liberdade, fraternidade e igualdade.
    abs.
    Carlos SA

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