Texto extraído de http://www.abc.org.br/2021/09/06/nacao-essa-teia-que-nos-une/ de autoria de Dom Walmor Oliveira de Azevedo (CNBB), Felipe Santa Cruz (OAB), José Carlos Dias (Comissão
Arns), Luiz Davidovich (ABC),
Paulo Jeronimo de Sousa (ABI),
Renato Janine Ribeiro SBPC).
7 de setembro
de 2021. Momento crucial para refletir sobre o fortalecimento da
democracia, em prol de uma sociedade livre, justa e solidária.
Lançando um olhar sobre o
Brasil, vemos a data nacional envolvida em ataques extremistas às instituições
e rumores de ruptura da ordem. Num plano mais abrangente, poderíamos perguntar
o que há para ser celebrado com quase 600 mil mortos pelo coronavírus,
15 milhões de desempregados,
19 milhões de brasileiros passando fome, 5 milhões de crianças fora
da escola, recordes de
desmatamento e aumento acentuado da desigualdade. Diante
de tantas tristes marcas, cabe indagar: como defender e levar adiante este
projeto que é de todos, chamado nação?
Há dois séculos juntaram-se as
condições objetivas e subjetivas para que o Brasil assumisse o seu destino,
supostamente sob o brado de “independência
ou morte”. Mas foi a disposição coletiva, mais do que o grito
solitário do monarca, que nos impulsionou a seguir adiante, consolidando a
independência e inaugurando um projeto nacional.
A nação, como conceito, tem
a ver com essa teia de afinidades —históricas, culturais, linguísticas e
sociais— que só ganha sentido se compreendida como a união generosa e inclusiva
entre pessoas, tomadas como sujeitos plenos de direitos e tratadas com igual
respeito e consideração. E é justamente o que nos impulsiona a seguir juntos,
do jeito que somos, de onde viemos, para onde queremos ir, no sentimento de
pertencer a algo que é base da identidade nacional.
A apropriação
da nossa data cívica por indivíduos obstinados em semear divisões entre
os brasileiros, disseminando o ódio e a intranquilidade para dar passagem a um
projeto político de viés personalista, declaradamente autoritário, deve ser
repudiada por toda a sociedade. Porque essa apropriação não cabe, e jamais
caberá, no projeto de nação que está inscrito na Constituição, tecido por
mulheres e homens de todas as raças e todas as crenças, geração após geração. A
nação, aos seus, pertence.
Sabemos que governos vêm e
passam. Governantes podem entrar para a história pela porta da frente, como
servidores do seu povo, ou sair pela porta dos fundos, como demolidores do
futuro. Mas, a nação, essa deverá se manter como um projeto coletivo, visando o
bem comum. Por isso, em nome das nossas entidades, conclamamos os brasileiros a
fortalecer a teia de afinidades que nos irmana e, ao mesmo tempo, nos distingue
no mundo. Que isso seja feito através do diálogo construtivo, na garantia plena
dos direitos humanos, no respeito à diversidade, no acolhimento aos mais
vulneráveis, na preservação do meio ambiente, que é nosso patrimônio comum, e
no compromisso com os valores civilizatórios, sempre em defesa da dignidade
humana.
As vozes que saem a pregar a discórdia,
muitas vezes enganadas ou insufladas por indivíduos guiados apenas pela ambição
de poder, tentarão fomentar o caos para justamente esgarçar a teia tão rica que
nos une. Que a consciência moral da sociedade prevaleça, mostrando-lhes que uma
nação livre e soberana é fruto da convivência humana em clima de paz, respeito
e harmonia. Esse é, e sempre será, o verdadeiro brado da brava gente
brasileira.
Dom Walmor Oliveira de
Azevedo - Presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB)
Felipe Santa Cruz - Presidente da Ordem dos
Advogados do Brasil (OAB)
José Carlos Dias - Presidente da Comissão
de Defesa dos Direitos Humanos Dom Paulo Evaristo Arns - Comissão Arns
Luiz Davidovich - Presidente da Academia
Brasileira de Ciências (ABC)
Paulo Jeronimo de Sousa
- Presidente
da Associação Brasileira de Imprensa (ABI)
Renato Janine Ribeiro - Presidente da Sociedade
Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC)
O Brasil é e continua sendo uma colônia. Esqueçam essa balela de independência. Os mesmos sinhôzinhos habitantes da Casa Grande ainda escravizam a maioria do povo. E assim sera ainda por quanto tempo?
ResponderExcluirA resposta esta soprando no vento. Esperamos que sejam ventos de liberdade, fraternidade e igualdade.
abs.
Carlos SA