Publicado no Jornal da Manhã em 04/06/2024.
O reacionário governo do Paraná – um Estado reacionário –
está tentando iniciar um processo de privatização do ensino público, por meio
da terceirização da gestão das escolas da rede. Uma iniciativa polêmica, que ainda
deverá passar pela Assembleia Legislativa do Estado, e provar que não é inconstitucional.
Um país lúcido e soberano jamais privatizaria setores
estratégicos: saúde, energia, comunicações, abastecimento e saneamento,
transportes coletivos, pesquisa científica... Esses setores enfrentam agudo
dilema: por um lado, o benefício público, coletivo, visando o bem-estar de toda
a população; por outro, o interesse privado, a ânsia de lucro rápido e
desmesurado, que concentra riqueza e dissemina pobreza.
Mas para a educação, o dilema é duplo. Em primeiro lugar, transformar
o ensino em um negócio rentável é um atrativo irresistível para os mercadores
das premências humanas. A humanidade carece da educação para evoluir.
Atualmente, pode-se dizer que a humanidade precisa da educação para sobreviver
aos demônios que ela mesma cria: a incúria com a natureza que é o suporte da
vida no planeta; os desproporcionais arsenais de armas de destruição em massa; os
crescentes conflitos sociais; o mau uso de sofisticadas tecnologias utilizadas
para a desinformação, a disseminação de intolerâncias e do ódio, a doutrinação
e a manipulação.
Entre nós, o renomado antropólogo e sociólogo Darcy Ribeiro
já afirmou que “a crise da educação no
Brasil não é crise; é projeto”. Esse malicioso projeto tem finalidade
dupla: mercantilizar a educação e moldar o educando para a conveniência do
mercador. Chegamos então ao segundo dilema da educação: qual a finalidade do
ensino mercantilizado? É a emancipação e soberania da população e do país? A lucidez, a prosperidade, a solidariedade, a
esperança, a coragem? Ou, ao contrário, é a disseminação da descrença, da
alienação, da brutalização, a omissão em relação aos temas primordiais para
formação de uma sociedade mais inclusiva, justa, esclarecida, participativa e
aguerrida?
Militarização, plataformização – sinônimo de engessamento da
consciência –, privatização, são todos passos no sentido de transformar a
educação, além de um negócio lucrativo, num instrumento da dominação de um
povo. Já foi dito por analistas internacionais que o Brasil, junto com EUA,
Rússia, China e Índia, é um dos cinco países credenciados para serem grandes
potências mundiais, pela sua extensão territorial, abundância de recursos
naturais, tamanho da população, infraestrutura instalada e valor da produção. Por
esse motivo torna-se imperativo sabotar a educação no Brasil, e frustrar o propósito de construir uma nação forte e justa.
Falta-nos a educação, para deixarmos de ser um povo
acostumado ao histórico papel de colônia explorada, fornecedora de matérias
primas baratas e importadora de bens industrializados com alto valor agregado.
Na colônia explorada, o escravagismo perpetua-se na concepção de que o povo é a
classe de trabalhadores que deve ser mantida na ignorância, na submissão aos
prepostos de interesses internacionais que se empenham na continuação dos impérios hegemônicos.
Se o Brasil deseja tornar-se a grande nação para a qual
está credenciado a ser, a educação precisa ser pública, gratuita e de
qualidade.
Parece uma conspiração contra o país. Em são Paulo o governador e o atual.prefeito estão a privatizar até pensamento. E como será a vida qdo tudo estiver privatizado ?
ResponderExcluirEu confesso que não sei qual a solução. Mas como está não pode ficar. Em futuro breve, trabalhos braçais ou rotineiros deixarão de existir. Hoje nossos jovens nem conseguem usar a IA, porque não são capazes de formular as perguntas. Outros países, em especial asiáticos, estão avançando rapidamente.
ExcluirA China e o Japão são os países mais antigos da Terra , possuem educação diferenciada em todos os sentidos, valores sociais e morais , estudam inclusive economia doméstica e também alimentar .
ExcluirNão temos como nos comparar a eles , nossas escolas são superficiais e absolutamente desinteressadas no futuro das crianças. Agora educação no Brasil deveria começar em casa , e país omissos deveriam ser punidos e multados. Isso é o reflexo do capitalismo como valor essencial do ter mais e mais.
Concordo com sua colocação, mas não com a conclusão. Meus pais, por ex., sempre trabalharam porque precisávamos e não por qualquer ganância. No entanto, nunca foram omissos na minha educação. Ou seja, é possível conciliar a educação dos filhos com o trabalho. É preciso responsabilidade.
ExcluirA educação no Brasil é um problema que aparentemente não querem resolver. Passa governo, entra governo, os custos crescem e a qualidade cai. Professores são desrespeitados por governantes e alunos. Muito triste.
ResponderExcluirAo povo paranaense, nessa situação insultuosa, cabe lutar, lutar e lutar!!! Não podemos permitir que os perversos tomem a nossa educação para seu objeto de gozo.
ResponderExcluirÀqueles mais entregues ao sabor da alienação, cabe a questão: Será que a educação da Finlândia é privatizada?
Já respondo, ao sabor da indignação: É lógico que não!
Não entendi. Qual é a proposta de solução?
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