Credulidade parece ser mesmo um traço atávico do povo
brasileiro. Acreditamos na marcha da família com Deus pela liberdade, e
apoiamos o golpe militar que promoveu a ilegalidade, a injustiça, o
obscurantismo no país por mais de duas décadas. Acreditamos que a ditadura
militar foi um momento de sobriedade política e econômica, e não enxergamos que
foi quando o Brasil adquiriu sua maior dívida externa, e nem conseguimos saber
quantos militares foram corrompidos, é tudo confidencial. Acreditamos que foi o
PT e seus governos que inventaram a corrupção na política. Acreditamos que
antes ela não existia, e que os outros partidos não a têm como prática usual.
Acreditamos que a Petrobras, a OAS, a Odebrecht, a JBS e outras, empresas brasileiras,
são as únicas que praticam o suborno para privilegiar seus empreendimentos.
Dentro e fora do Brasil. Acreditamos que o PT desgraçou o país, é o responsável
por uma herança maldita que os governos que seguiram, e os governos futuros,
não vão conseguir resgatar. Acreditamos que os governos que transformaram o
Brasil num protagonista mundial, que realizou obras de infraestrutura visando o
pleno emprego e a integridade nacional, que promoveu programas de inclusão
social, de educação para os pobres, de moradia popular, que valorizou e
incentivou a indústria estratégica nas áreas de petróleo, aeronáutica,
estaleiros, foram governos corruptos que nos arruinaram. Acreditamos que
políticos arrivistas que se dedicaram ao golpe que afastou o governo popular
eram bem intencionados, mesmo depois que eles também são condenados por crimes
sobre os quais não paira dúvida, e que não puderam mais ser escondidos.
Acreditamos que os industriais, banqueiros e outros empresários são a máquina
que move o país, mas não enxergamos que sabotaram o governo, e com ele o país,
para empossar outro governo que lhes fosse mais subserviente, e menos
identificado com os trabalhadores. Acreditamos que a operação montada para
destruir o governo popular, que promoveu a inserção social, o protagonismo e a
soberania nacional, era uma operação imparcial destinada a revelar e coibir a
corrupção que sangra o país. Acreditamos que brasileiros reconhecidos
mundialmente nas áreas da educação, da música, da literatura sejam merecedores
de ofensas e repúdio.
Acreditamos (ou desacreditamos) em muitas coisas, sem
conseguirmos ter a clareza de entendê-las. Agora acreditamos que os indícios de
parcialidade do juiz Sérgio Moro à frente da Lava Jato devem-se à excessiva
ambição e soberba do magistrado. “─ Qualidades humanas” diriam, presentes em
todos nós, exacerbadas em alguns, como poderia ser o caso. Mas não acreditamos
que o juiz, o tribunal regional em que ele legislou, a eleição do homem que se
reconhece incapaz ser presidente, a nomeação do juiz para o ministério
por este homem, tudo faça parte de um orquestrado plano. Para impedir que o
Brasil alcance o status internacional que lhe é creditado pela extensão
continental, as riquezas naturais, o tamanho da população e da produção econômica.
A crise brasileira deve ser examinada em confronto com
outras crises mundiais: Afeganistão, Iraque, Síria, Ucrânia, países do norte da África e do
Oriente Médio na Primavera Árabe, Brexit, Catalúnia, Venezuela...
Um brasileiro, Luiz Alberto Moniz Bandeira, falecido em
novembro de 2017, escreveu um livro nesse sentido. Chama-se “A desordem
mundial: o espectro da total dominação”.
O subtítulo do livro já nos dá uma ideia do que realmente
pode estar por trás das intenções de Moro e da Lava Jato.
Excelente alerta , devemos refletir e sincronizar o momento atual aos demais citados que levaram a desgraça tantos outros países.
ResponderExcluirMuito obrigada .