No último final de semana (30-31/05/2020) entristecedoras
imagens viralizadas pela mídia digital escancararam-nos o ódio que está sendo
cultivado, e que está prosperando, entre nós, no Brasil: os mascarados com
tochas alusivas à criminosa supremacia branca da Ku Klux Klan em Brasília, a
manifestante com o taco de beisebol em São Paulo, os confrontos com bombas e
balas de efeito moral pelo país. Até nos EUA, a nação que contraditoriamente
arroga-se ser a guardiã da democracia e das liberdades do mundo, reacende-se o
violento ódio racial, após o estrangulamento do cidadão negro já rendido pelo
policial branco.
Os acontecimentos nos mostram que, no Brasil e no mundo,
ainda não aprendemos, com tantas lições ao longo da História, que o ódio é a
arma dos conquistadores para governar. “Dividir para conquistar” tornou-se um
preceito universal. Assim fizeram as nações imperialistas ao longo dos séculos,
assim o fazem no presente. Assim agem todos aqueles sórdidos poderes entremeados
na estrutura social onde quer que seja, com a finalidade de perpetuar os
privilégios de uns poucos à custa da submissão e miséria de muitos. Oxalá nos
servisse de exemplo e alerta o ódio genocida cultivado entre etnias, religiões,
castas, tribos, na Índia, no mundo árabe, na África, entre os povos da América pré-colombiana...
A humanidade vive um momento inusitado, de penosa
transição. Deste momento singular podemos evoluir para uma civilização mais
solidária, harmoniosa, pacífica, copiosa. Ou podemos mergulhar num colapso e
num retrocesso de imprevisíveis consequências, mas certamente catastrófico. Temos
sofisticadas tecnologias de comunicação e de manipulação da opinião, acumulamos
armas de destruição em massa que nos tornam muito perigosos, para o planeta, para nós mesmos. Mas não alcançamos
ainda o discernimento e a compaixão que nos esclareçam se caminhamos para a
iluminação ou para a barbárie das trevas.
Talvez nunca antes tantos teólogos, antropólogos,
sociólogos, psicólogos, neurocientistas, historiadores, filósogos tenham nos alertado
tão inquietantemente a respeito da paradoxal “natureza humana”. Abrigamos anjos
e demônios dentro de nós. Temos instintos selvagens e vislumbres celestiais.
Nosso cérebro ora age como aquele de um réptil, primitivo e egoísta, ora como o
de um selvagem mamífero a defender ferozmente a prole, ora como uma
inteligência obstinada com o domínio do outro. Por vezes um desavisado laivo de
compaixão nos revela que somos a espécie mais ameaçadora e ao mesmo tempo mais
promissora do planeta.
Com a capacidade de disseminar ódio e de destruir que
nossa engenhosidade já nos trouxe, está na hora de usar nossa inteligência para
a compreensão de que já não somos mais um bando de feras cujo único ou primordial
desígnio seja impor-se e sobreviver. No Século XXI tornamo-nos esta complexa
sociedade que tanto pode destruir-se quanto emancipar-se para uma civilização
de compartilhada prosperidade.
Qual caminho vamos escolher?
Pra quem entende que todos somos um , não é difícil escolher.
ResponderExcluirLindo esse texto. Espero que muitos o leiam e espalhem essa reflexão.
🙏🙏🙏
O texto nos coloca na situação de podermos escolher , apesar de sábias palavras , é difícil imaginar qual o caminho a humanidade escolherá , nas acredito que os jovens deverão ser os protagonistas .
ResponderExcluirBelo texto mesmo. Define muito bem tudo que esta acontecendo no Brasil e no mundo. Eu, aqui, continuo confiando num Poder que esta acima dos homens e que esta e estará sempre atento aos rumos dos acontecimentos. Quem viver, verá.
ResponderExcluirabs. SA
O ódio e a barbárie estão adormecidos em cada ser humano em grau maior ou menor. Basta que apareça um "heroí", um "mito" para despertar esse ódio adormecido. E,infelizmente, temos o nosso aqui, que se elegeu com o discurso do ódio e do preconceito.
ResponderExcluirTodo dia uma lição dolorosa diferente. Acho importante, e acredito do fundo do coração que a bondade e o amor vão prevalecer. Não há outro meio ♥
ResponderExcluirA humanidade está retrocedendo em todas as instâncias, precisamos que se levante uma voz conciliadora para chamar-nos de volta à razão. Ou ....
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