Reproduzo no Perrengas Princesinas matéria do
conceituado jornalista independente Pepe Escobar, que pode ser vista em https://duploexpresso.com/?p=114085
(lá inclusive com vídeo de discussões com o autor). A matéria é de julho de 2020, mas
atualíssima, medular. Trata de toda a complexa rede que está executando a “guerra
híbrida” destinada a fazer o Brasil continuar sendo colônia do império que visa
a total dominação do planeta, em conluio com a elite burguesa brasileira. Não é teoria da conspiração, é o quebra-cabeças geopolítico
reconstituído juntando-se peças que andam sonegadas pelos jornalões e pela
elite burquesa diretamente beneficiada.
#BanestadoLeaks:
o escândalo de lavagem de dinheiro no Brasil dos infernos
24/07/2020 Redação
D.E. 13
Comments 18 min de leitura
Um indicador do teor explosivo do vazamento do
Banestado e das Contas CC5 tem sido a sucessão de limited hangouts a respeito:
de um lado, silêncio que grita da parte de partidos políticos de esquerda e
meios alternativos, supostamente progressistas. Do outro, a grande mídia, para
a qual o ex-juiz Moro é uma vaca sagrada. Essa, na melhor das hipóteses, dedica
à pauta o enquadramento enviesado de que tratar-se-ia de “história antiga”,
“fake news” ou mesmo um “hoax”.
Enquanto
isso, patrocinado pelo Deep State dos EUA, pela Finança transnacional e pelas
elites locais, meras corretoras – alguns vestindo farda, outros, toga –, o
Golpe da Guerra Híbrida em câmera lenta contra o Brasil continua marchando, dia
após dia, aproximando-se cada vez mais do domínio de espectro total.
O
que nos leva à questão-chave, final: o que Lula fará a esse respeito?
#BanestadoLeaks: o escândalo de lavagem de
dinheiro no Brasil dos infernos
Sem ninguém querendo abordar tais revelações, a
questão é saber o que o ex-presidente Lula fará a respeito.
Por PEPE ESCOBAR 23
DE JULHO DE 2020
Vista grossa? O ex-presidente brasileiro Luiz
Inácio Lula da Silva reage durante um evento dedicado a sindicatos globais no
Clube da Imprensa Genebrino no último 6 de março em Genebra. Foto: AFP /
Fabrice Coffrini
Duas décadas após
um terremoto político, estamos diante de um forte tremor secundário que deveria
estar chacoalhando todo o Brasil, mas que ao invés disso está sendo recebido
com um silêncio que grita.
Aquilo que tem sido
chamado de “vazamento do Banestado” (#BanestadoLeaks) e “#CC5gate” soa como um
vintage do WikiLeaks: trata-se de uma lista publicada, pela primeira vez na
íntegra, dando nomes aos bois e detalhando um dos maiores casos de corrupção e
lavagem de dinheiro do mundo nas últimas três décadas.
Esse escândalo
exemplifica na prática o que Michel Foucault caracterizou como a arqueologia do
conhecimento. Sem entender tal vazamento, é impossível contextualizar os
eventos que vão desde o sofisticado ataque de Washington ao Brasil –
inicialmente via NSA espionando o primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff
(2010-2014) – até a investigação de corrupção na Operação Lava Jato que acabou
prendendo Luis Inácio Lula da Silva e abrindo caminho para a eleição do
presidente neofascista e idiota útil Jair Bolsonaro.
O crédito pelo furo nesta trama de
Guerra Híbrida à la George Orwell se deve, mais uma vez, à mídia independente.
O pequeno site Duplo Expresso, liderado pelo jovem e ousado advogado
internacional Romulus Maya, diretamente de Berna, Suíça, foi
responsável por publicar a lista pela primeira vez.
Uma transmissão épica de cinco
horas reuniu os três principais protagonistas
responsáveis pela denúncia do escândalo, no final dos anos 90, para que
pudessem agora analisá-lo mais uma vez: o então governador do estado do Paraná,
Roberto Requião, o Procurador Federal Celso Tres e o hoje Delegado Federal
aposentado José Castilho Neto.
Anteriormente, em outra transmissão,
Maya e o antropólogo Piero Leirner, principal analista de guerra híbrida do
Brasil, puseram-me a par das inúmeras complexidades
políticas desse vazamento, durante uma de nossas discussões sobre geopolítica
no Sul Global.
A lista integral das CC5 estão aqui, aqui e aqui. Vejamos o que as torna tão especiais.
O MECANISMO
Em 1969, o Banco
Central do Brasil criou o que foi descrito como “Contas CC5” para facilitar a
transferência de recursos de empresas e executivos estrangeiros no país, de
forma legal, para o exterior. Por muitos anos, as movimentações nessas contas
não foram significativas. De repente, tudo muda nos anos 90 – com o surgimento
de uma grande e complexa rede criminosa centrada na lavagem de dinheiro.
A investigação
original do Banestado começou em 1997. O Procurador Federal Celso Tres ficou
estarrecido ao descobrir que, de 1991 a 1996, nada menos do que US $ 124
bilhões haviam sido transferidos ao exterior. No final, o montante total das
remessas no período em que o esquema ainda existia (1991-2002) chegou a
gigantescos US$ 219 bilhões – o que torna o Banestado um dos maiores esquemas
de lavagem de dinheiro da história.
O relatório do
promotor Tres levou a uma investigação federal centrada em Foz do Iguaçu, no
Sul do Brasil, Região estrategicamente situada na Tríplice Fronteira entre
Brasil, Argentina e Paraguai, onde bancos locais corriqueiramente lavavam
grandes quantias de dinheiro através de suas contas CC-5.
Funcionava assim:
doleiros, associados a gerentes de banco e funcionários governamentais, usavam
uma vasta rede de contas bancárias sob os nomes de laranjas e empresas fantasma
para lavar fundos ilegais oriundos de corrupção de agentes públicos, sonegação
fiscal e crime organizado, principalmente através da filial do Banco do Estado
do Paraná, “Banestado”, em Foz do Iguaçu. Assim nascia “o caso Banestado”.
A investigação
federal não havia avançando muito até o ano de 2001, quando o então Delegado
Federal Castilho constatou que a maioria dos fundos estava na realidade sendo
remetido para contas da agência do Banestado em Nova York. Castilho chegou a
Nova York em janeiro de 2002 para garantir o necessário rastreamento
internacional do dinheiro.
Por meio de uma
ordem judicial, Castilho e sua equipe revisaram 137 contas no Banestado de Nova
York, chegando à soma de US$ 14,9 bilhões. Em alguns casos, os nomes dos beneficiários
coincidiam com o de políticos brasileiros em pleno exercício de seus mandatos
no Congresso, de Ministros de Estado e até de ex-Presidentes da República.
Depois de um mês em
Nova York, Castilho voltou ao Brasil com um relatório de 400 páginas. No
entanto, apesar das provas avassaladoras, ele acabou sendo removido da
investigação, que foi suspensa por pelo menos um ano. Quando Lula assumiu o
poder, no início de 2003, Castilho voltou a atuar nessa operação.
Em abril de 2003,
Castilho identificou uma conta particularmente interessante no banco Chase
Manhattan de NY chamada “Tucano” – o apelido do PSDB, partido liderado pelo
ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que havia precedido Lula e que sempre
manteve laços muito estreitos com as máquinas políticas de Bill Clinton e Tony
Blair.
Castilho foi
fundamental para a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito sobre o
caso Banestado. Contudo, mais uma vez, essa comissão acabou terminando em pizza
– sequer o seu Relatório Final foi votado. A maioria das empresas negociou
acordos com a Receita Federal Brasileira, o que eliminou, portanto, qualquer
possibilidade de persecução penal com relação à sonegação de impostos.
BANESTADO VAI AO ENCONTRO DA LAVA
JATO
Em apertada
síntese, os dois maiores partidos políticos do Brasil – o PSDB neoliberal de
Cardoso e o Partido dos Trabalhadores de Lula, nenhum dos quais realmente
enfrentou nem as maquinações do imperialismo dos EUA nem tampouco a classe
rentista brasileira – juntaram-se para buscar, ativamente, enterrar qualquer
possibilidade de uma investigação mais aprofundada.
Além disso, Lula,
que sucedia Cardoso e estava preocupado com a preservação de um mínimo de
governabilidade, tomou a decisão estratégica de não investigar quaisquer casos
de corrupção sob os “Tucanos”, o que incluía uma série de privatizações
suspeitas.
Os promotores de
Nova York chegaram ao ponto de preparar uma lista especial do Banestado para
Castilho, expondo o que realmente importava para a abertura de um processo
criminal: o rastreamento do circuito completo do esquema de lavagem de
dinheiro, com esse sendo originalmente remetido de forma ilegal para fora do
Brasil usando as contas CC5, daí passando pelas agências em Nova York dos
bancos envolvidos, para depois chegar a contas bancárias offshore e trusts em
paraísos fiscais (por exemplo, Ilhas Cayman, Ilhas Jersey e Suíça), para
finalmente retornar ao Brasil como “investimento estrangeiro” (totalmente
lavado), para o uso e gozo dos beneficiários finais, que haviam eles mesmos
remetido, na origem, o dinheiro não-declarado para fora do país usando as
contas CC5.
Mas o então
Ministro da Justiça do Brasil, Márcio Thomaz Bastos, nomeado por Lula, tratou
de enterrar a lista. Como o Delegado Castilho coloca metaforicamente: “isso me
impediu de voltar ao Brasil com o cadáver, fosse um caso de homicídio”.
Embora Castilho
nunca tenha recebido tal documento chave, pelo menos dois Deputados
brasileiros, dois Senadores e dois Procuradores Federais – que mais tarde
viriam a conquistar a fama como “estrelas” da investigação Lava Jato, Vladimir
Aras e Carlos Fernando dos Santos Lima – receberam a lista. Por que e como tal
documento –algo como o “cadáver” num homicídio – nunca foi incorporado aos
processos criminais no Brasil é um mistério extra, inserido no enigma geral.
Enquanto isso, há
relatos “não confirmados” (várias fontes preferem não registra-los em “on”) de
que a lista teria sido usada para, pura e simplesmente, achacar os indivíduos
citados na lista – quase todos bilionários.
Um quê a mais na esfera judicial vem
do fato de que o juiz encarregado de enterrar o caso Banestado não era outro
senão Sérgio Moro, o dublê de “Elliot Ness”, seletivo, que na década seguinte
atingiria a status de superestrela (o capo di tutti i capi) na mega-investigação Lava Jato, que veio a se tornar, na
sequência, Ministro da Justiça do Brasil sob Bolsonaro.
Moro acabou
renunciando e agora já está, concretamente, fazendo campanha para ser eleito
Presidente em 2022.
E aqui chegamos à conexão explosiva
entre o caso Banestado e a Operação Lava Jato. Considerando o que já é de
domínio público sobre o modus operandi de Moro na Lava Jato, como por
exemplo o fato de ter alterado nomes em documentos com o objetivo de mandar
Lula para a prisão, o desafio seria provar como Moro “venderia” não-condenações
no caso Banestado. Seu álibi era muito conveniente: com o “cadáver” nunca tendo
sido trazido para os processos criminais no Brasil, ninguém poderia ser
condenado.
À medida que
mergulhamos nesses detalhes excruciantes, o caso Banestado fica parecendo cada
vez mais o Fio de Ariadne que pode revelar o início da destruição da soberania
brasileira. Um conto cheio de lições que deveriam ser estudadas por todo o Sul
Global.
O DOLEIRO
Ainda naquela
transmissão épica, Castilho fez meu ouvido zumbir quando se referiu aos US$ 17
milhões que haviam transitado da filial do Banestado em Nova York para serem
posteriormente enviados para – incrível coincidência – o Paquistão. Ele e sua
equipe descobriram essa informação apenas alguns meses após o 11 de setembro.
Eu lhe enviei algumas perguntas sobre esse aspecto e a resposta dele,
intermediada por Maya, é que seus investigadores vão desenterrar tudo
novamente, pois seu relatório havia indicado a origem desses fundos em
específico.
É a primeira vez
que essas informações são divulgadas – e as ramificações podem ser explosivas.
Estamos falando de fundos duvidosos, possivelmente de operações com drogas e
armas, partindo da Tríplice Fronteira, que historicamente é um dos principais
cenários de operações clandestinas da CIA e do Mossad.
O financiamento pode ter sido
fornecido pelo chamado “doleiro dos doleiros”, Dario Messer, usando as Contas
CC5. Não é segredo algum que os operadores do mercado negro na Tríplice Fronteira estão todos
conectados ao tráfico de cocaína via Paraguai – e também a
evangélicos. Essa é a base do que Maya, Leirner e eu já descrevemos como o “Evangelistão do Pó“.
Messer é uma
engrenagem indispensável no mecanismo de reciclagem de capitais incorporado ao
tráfico internacional de drogas. O dinheiro viaja para paraísos fiscais sob
proteção imperial, é devidamente lavado e ressuscita gloriosamente em Wall
Street e na City de Londres. Com um bônus extra para os EUA: a diminuição de
parte de seu déficit em conta corrente. Um salve para a “exuberância
irracional” de Wall Street.
O que realmente importa é a livre
circulação de cocaína. E por que não escondida naquela carga de soja especial?
Algo que traria consigo a vantagem adicional de assegurar o sucesso do
agronegócio? Trata-se de um reflexo exato, simétrico, da rota da heroína no
Afeganistão da CIA, que eu detalhei aqui.
Acima de tudo, politicamente, Messer
é o notório elo perdido de Moro. Até o jornal mainstream O Globo foi forçado a
admitir, em novembro passado, que os negócios sombrios de Messer eram “monitorados” ininterruptamente por duas décadas por diferentes
agências de inteligência americanas, a partir de Assunção e Ciudad
del Este, no Paraguai. Moro, por sua vez, é um operativo de duas agências
americanas diferentes – FBI e CIA -, além do Departamento de Justiça.
Messer pode ser o coringa nessa trama
complicada. Mas, na sequência, há o Falcão Maltês: existe
apenas um Falcão Maltês, como já havia imortalizado o clássico de
John Huston. E o Falcão está atualmente em um cofre na Suíça.
Refiro-me aqui aos documentos
oficiais, originais, apresentados pela gigante Odebrecht à Lava Jato, indiscutivelmente “manipulados”. “Supostamente”, pela
própria empresa. Mas, “possivelmente”, em conluio com o então juiz Sergio Moro
e a Força Tarefa liderada por Deltan Dallagnol.
Não apenas com o
objetivo de incriminar Lula e as pessoas próximas a ele, mas também –
principalmente – excluir qualquer menção a indivíduos que nunca deveriam ser
trazidos à tona. Ou à Justiça. E, sim, você acertou se pensou no “doleiro dos doleiros”
(protegido pelos EUA): Dario Messer.
O primeiro desdobramento político de
impacto após o vazamento do Banestado é o fato de os advogados de Lula,
Cristiano e Valeska Zanin, terem, finalmente, solicitado – oficialmente – às
autoridades suíças que entregassem ao ex-Presidente os documentos originais da
Odebrecht.
O ex-Governador Requião, aliás, foi o
único político brasileiro a pedir publicamente a Lula, em fevereiro, que requeresse tais
documentos à Suíça. Não é surpresa portanto que Requião seja a
primeira figura pública no Brasil a também pedir a Lula que torne todo esse conteúdo público quando
o ex-presidente vier a recebê-lo.
A lista real, não
adulterada, de pessoas envolvidas na corrupção da Odebrecht está repleta de grandes
nomes – incluindo a elite do Judiciário.
Confrontando as duas versões, os
advogados de Lula poderão finalmente demonstrar a falsificação das “provas” que
levaram à sua prisão, mas também, entre outros desdobramentos, ao exílio do
ex-Presidente do Equador Rafael Correa, à prisão de seu ex-Vice, Jorge Glas, à
prisão do ex-Presidente Ollanta Humala e de sua esposa e, no limite do
dramático, ao suicídio do ex-Presidente, por duas vezes, do Peru, Alan Garcia.
PATRIOT ACT BRASILEIRO
A grande questão
política agora não é necessariamente descobrir quem foi o mestre manipulador
responsável por enterrar o escândalo do Banestado há duas décadas.
Como detalhou o
antropólogo Leirner, o vazamento das Contas CC5 deve levar à exposição do
mecanismo de controle da corrupta burguesia brasileira, essa que conta com a
ajuda de seus operadores na política e no sistema de Justiça – nacionais e
estrangeiros – para se solidificar como uma classe rentista, mas sempre
submissa e manietada de fora, por meio do uso de “dossiês secretos” nas mãos do
Imperialismo.
O vazamento do
Banestado e das Contas CC5 devem ser vistos como uma possibilidade política
para Lula queimar as caravelas. Trata-se de uma guerra – híbrida – total. E
titubear não é uma opção. O projeto geopolítico e geoeconômico de destruir a
soberania do Brasil e transformar o país em uma sub-colônia imperial está
vencendo – sem qualquer sombra de dúvida.
Um indicador do teor explosivo do
vazamento do Banestado e das Contas CC5 tem sido a sucessão de limited
hangouts a respeito: de um lado, silêncio que
grita da parte de partidos políticos de esquerda e meios alternativos,
supostamente progressistas. Do outro, a grande mídia, para a qual o ex-juiz
Moro é uma vaca sagrada. Essa, na melhor das hipóteses, dedica à pauta o
enquadramento enviesado de que tratar-se-ia de “história antiga”, “fake news”
ou mesmo um “hoax”.
Lula está diante de
uma decisão definidora. Com acesso a nomes até agora ocultados pela Lava Jato,
ele pode detonar uma bomba de nêutrons e redefinir todo o jogo – expondo
Ministros de Cortes Superiores ligados à Lava Jato, procuradores, jornalistas e
até generais que receberam propina da Odebrecht no exterior.
Sem mencionar o
fato de poder trazer o “doleiro dos doleiros”, Dario Messer – que controla o
destino de Moro –, para a linha de frente. Isso significaria apontar
diretamente o dedo para o Deep State dos EUA. Não é, portanto, uma decisão
fácil de tomar.
Agora, depois do
vazamento, resta claro que os credores do Estado brasileiro eram,
originalmente, seus devedores. Analisando essas contas, é possível enquadrar o
lendário “desequilíbrio fiscal” brasileiro – exatamente quando essa praga é
martelada, mais uma vez, com a intenção de entregar as riquezas de um Estado
brasileiro já moribundo. O ministro da Economia, Paulo Guedes, um
neo-pinochetista adorador de Milton Friedman, já avisou que seguirá rifando
empresas estatais como se não houvesse amanhã.
O plano B de Lula
seria fechar um tipo de “acordão” que enterraria todo o dossiê – exatamente
como ocorreu com a investigação original do Banestado, enterrada há duas
décadas – com o intuito de preservar a hegemonia do Partido dos Trabalhadores
numa “oposição” domesticada, que prefere não tocar na questão essencial: como
Guedes está rifando o Brasil.
Essa seria a linha
preferida por Fernando Haddad, que perdeu a eleição presidencial para Bolsonaro
em 2018 e é uma espécie de versão brasileira de Michelle Bachelet,
ex-presidente do Chile. Um neoliberal envergonhado, que sacrificaria tudo para
ter outra chance de chegar ao poder, talvez em 2026.
No caso do Plano B, Lula irá
galvanizar a ira dos sindicatos e movimentos sociais – a classe trabalhadora
brasileira de carne e osso, que está prestes a ser totalmente dizimada por esse
neoliberalismo anabolizado e sua combinação assassina com a versão
brasileira do “Patriot Act”, inspirada na dos EUA. No caso
brasileiro, tal estrutura contaria ainda com esquemas militares e paramilitares
associados ao “Evangelistão do Pó”.
E tudo isso depois
que Washington – com sucesso – quase destruiu a campeã nacional Petrobras, um objetivo
inicial da espionagem da NSA. Zanin, advogado de Lula, também acrescenta –
talvez tarde demais – que a “cooperação informal” entre Washington e a Lava
Jato era de fato ilegal, nos termos do Decreto Número 3.810/ 2002.
O QUE FARÁ LULA?
Nesse cenário, uma primeira “lista
VIP” de nomes constando dos documentos do Banestado foi
reunida, a partir do material vazado. Ela inclui o atual presidente do Tribunal
Superior Eleitoral (TSE), que também atua como Ministro do Supremo Tribunal
Federal (STF), Luis Roberto Barroso. E ainda banqueiros, magnatas da mídia e
industriais. O Procurador da Lava Jato Deltan Dallagnol é, sabidamente,
alguém muito próximo do – neoliberal – Ministro da
Suprema Corte em questão.
A lista VIP deve ser lida como um
roteiro para as práticas de lavagem de dinheiro do 0,01% brasileiro – estimado
em aproximadamente 20.000 famílias, que detêm a dívida interna brasileira, de quase 1 trilhão de dólares.
Uma grande parte desses fundos foi reciclada voltando ao Brasil como
“investimento estrangeiro” através do esquema das Contas CC5 na década de 1990.
E foi exatamente assim que a dívida interna do Brasil explodiu.
Ainda assim,
ninguém conhece os detalhes sobre onde o tsunami de dinheiro de origem
duvidosa, transferido pelo Banestado, foi realmente parar. O “cadáver” nunca
foi formalmente reconhecido como tendo sido trazido de volta de Nova York e
nunca entrou nos processos criminais. No entanto, a lavagem de dinheiro está
quase com toda a certeza ainda em andamento – e, portanto, não há que se falar
em prescrição. Nesse sentido, alguém, qualquer pessoa, poderia ser pego. No
entanto, parece que não estamos lá muito próximos disso.
Enquanto isso,
patrocinado pelo Deep State dos EUA, pela Finança transnacional e pelas elites
locais, meras corretoras – alguns vestindo farda, outros, toga –, o Golpe da
Guerra Híbrida em câmera lenta contra o Brasil continua marchando, dia após
dia, aproximando-se cada vez mais do domínio de espectro total.
O que nos leva à
questão-chave, final: o que fará Lula a esse respeito?
Atualização — discussão ao vivo deste artigo com o
autor disponível em:
Pepe Escobar | Lula: jornalista
pressiona por #BanestadoLeaks | #OdebrechtPapers
Diretamente da Suíça, Romulus Maya, Editor-chefe do
Duplo Expresso, recebe o jornalista Pepe Escobar depois de esse entregar a
encomenda: levou ao mundo as bombas #BanestadoLeaks/ #OdebrechtPapers. Soma-se,
portanto, ao movimento cidadão que requer de Lula que empalme a última chance
do Brasil enquanto projeto nacional viável, ao menos nesta geração: a detonação
de duas bombas de neutrons, gêmeas, zerando o jogo. Ou seja, a divulgação da
“Lista VIP do Banestado” e a Lista — integral — da Odebrecht.
O
que fará Lula?
O
que será do Brasil?
Nossa ! Maquiavel e o príncipe FHC.
ResponderExcluirDinheiro , mortes, ameaças, tramas e manipulação.
Lula omisso e portanto conivente.
Moro o mesmo de sempre.
Brasil órfão.
Se Lula não fez ,
agora é não que fará nada .Mesmo não sendo corrupto ,ama o poder.
Uma luta hercula que ninguém travará.
De uma elite que apóia e mantém um beócio na presidência o que esperar? Vivemos tempos sombrios e nossa dependência ao grande capital e nossa falsa democracia cada vez mais ladeira abaixo vai.
ResponderExcluirMas não se incomodem: um novo BBB vai começar e o povo continuará preso a uma vidinha medíocre,
abs.