Publicado no Jornal da Manhã em 15/08/2023.
“Uma guerra contra o Brasil – como a Lava Jato
agrediu a soberania nacional, enfraqueceu a indústria pesada brasileira e
tentou destruir o Grupo Odebrecht” é o título e longo subtítulo de livro de
autoria de Emílio Odebrecht (Topbooks Editora, 2023), que acaba de ser lançado.
À época do início da Operação Lava Jato, em 2014, o autor era presidente do
Conselho de Administração da Odebrecht, um grupo de empresas atuante
principalmente na área de construção pesada, no Brasil, América Latina e África.
A Lava Jato, comandada por Sérgio Moro e Deltan
Dallagnol, ordenou então a prisão de vários executivos da Odebrecht, incluindo
os filhos de Emílio, acusados de atos de corrupção na condução das empresas do
grupo. De acordo com o autor, transações financeiras normais do cotidiano das
empresas foram consideradas como propinas e outros ilícitos, apesar dos detidos
negarem as acusações.
O que Emílio relata então, com a prisão e pressão
sobre os detidos para que cooperassem em delações premiadas, remete ao suplício
narrado por Frédéric Pierucci, francês executivo da Alston autor do livro “A
arapuca estadunidense – uma Lava Jato mundial” (Kotter Editorial, 2021): a tortura
psicológica e até física para os detidos confessarem crimes que não cometeram e delatarem supostos cúmplices,
permitindo que promotores e juiz aprisionassem outros executivos e
estrangulassem suas empresas com pesadas multas e sanções de todo tipo. Pierucci
era então um executivo de segundo escalão, foi preso nos EUA para que os
diretores principais da Alston, reféns mantidos livres mas chantageados, sob
ameaça de prisão e penalidades ainda piores, pudessem negociar a venda da empresa
francesa para a concorrente estadunidense, a General Electric. O que de fato
aconteceu.
Emílio, diretor principal do Grupo Odebrecht, não
foi preso, mas seus filhos foram. O pai teve então de cuidar das empresas e
famílias acéfalas, enquanto negociava com os lavajatistas o destino dos
encarcerados e das empresas. O relato do autor revela como a operação visava
destruir a Odebrecht, e outras empresas da área de construção pesada, bem como da
área de petróleo, como a Petrobras, e de alimentos. O objetivo da operação não
era combater a corrupção, mas era impor pesadas multas e tornar inoperantes,
senão eliminar, empresas brasileiras que estavam concorrendo com similares
estadunidenses, principalmente na América Latina e África.
Resumindo, a Lava Jato subverteu a noção de justiça
e de ética no Brasil, graças ao vergonhoso apoio da grande imprensa, que
promovia espetáculos midiáticos ao vivo das prisões, buscas e conduções
coercitivas ilegais, para manipular a opinião pública. Os alvos da operação
eram previamente demonizados e midiaticamente linchados. Instâncias jurídicas
superiores foram emparedadas, tornaram-se incapazes de contrapor-se aos
descalabros da ignominiosa operação.
Emílio encerra o livro enumerando todas as provas
de que a Lava Jato foi uma operação organizada e patrocinada nos EUA, visando impedir
a eleição de Lula e quebrar o país que era então a sétima economia do mundo, e
que sonhava tornar-se soberano, livre da tutela e do jugo do Tio Sam. O autor
reproduz fidedignos cálculos do Dieese ─ Departamento Intersindical de
Estatística e Estudos Socioeconômicos ─ que apontam as consequências da Lava
Jato: 4,4 milhões de empregos a menos no Brasil; perda de 3,6% do PIB nacional;
redução de R$67,7 bilhões em arrecadações do governo; redução da massa salarial
do país em R$85,8 bilhões. Isso sem contar as inúmeras perdas de contratos
internacionais das empresas prejudicadas. E, ademais, a criminosa operação
escancarou a “caixa de Pandora”, que iniciou o ciclo de descrédito na justiça,
na política, na mídia, de ódio ideológico, de negacionismo e cegueira moral,
ética e religiosa em que o país ainda se encontra submerso.
Os dois livros suscitam um terceiro título: “A
arapuca estadunidense declarou guerra contra o Brasil”. Ela venceu a primeira
batalha, mas já vem sofrendo reveses. Quem sairá vitorioso ao final, ainda
veremos. Mas é preciso que todos os brasileiros conheçam o que revelam os dois
livros, e unam-se para frustrar o plano de perpetuar nosso país como colônia dilapidada,
exportadora de matérias primas com preços aviltados. O eterno “país do futuro”,
mas sempre o país da injustiça e da pobreza.
Torço muito pra que a gente consiga recuperar nosso sonho de soberania nesses próximos 4 anos de governo Lula, que já está ajeitando a casa. Os últimos anos foram sombrios, mas tá dando pra ver a luz no fim do túnel.
ResponderExcluirUm país, como o Brasil, onde a arrecadação de impostos é absurda, e onde o valor do salário mínimo pago ao seu povo trabalhador é vergonhoso, ainda assim tentamos tapar o sol com peneira. Onde estão os corruptos então? Parece q é mais fácil apontar o dedo pro Tio Sam, e botar panos quentes sobre os nossos " magnatas" daqui. Mas q a corrupção está infestada por aqui, isso é impossível não desconfiar...
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