quinta-feira, 27 de março de 2025

O Brasil financia as guerras na Ucrânia e Israel

 Publicado no Jornal da Manhã em 27/03/2025.

O Brasil – e muitos outros países que não têm verdadeira soberania – financia as guerras na Ucrânia, em Israel, na Síria e em tantos mais lugares do mundo. Cogita-se que a próxima seja na Ásia, entre China e Taiwan – mais uma guerra por procuração. Os grandes promotores das guerras – não só as militares, mas também as híbridas, midiáticas, econômicas, legais, cognitivas, tecnológicas, culturais... – são os EUA. No ano de 2021, os gastos militares do Tio Sam ultrapassaram 38% do total do planeta. Em 2023, eles somaram US$916 bilhões, o equivalente a 42% do PIB brasileiro naquele ano. E o valor computado não leva em conta gastos que promovem a vassalagem do mundo, financiando as muitas outras guerras, que não são as militares.

E quem paga essa enorme conta? Os estadunidenses? Ou as populações dos países que ainda não se firmaram como nações soberanas, e são vítimas de uma sangria constante, uma transfusão involuntária de recursos para o belicoso Tio Sam? Até mesmo potências tradicionais, como a França, têm sido sangradas pelos EUA. O livro “A arapuca estadunidense – uma Lava Jato mundial”, de Frédéric Pierucci e Matthieu Aron (Kotter Editorial, 2021) narra como a General Electric estadunidense engoliu a concorrente francesa Alstom através de uma insidiosa lawfare. Os EUA têm leis extraterritoriais, ou seja, aplicáveis fora de seu país, que distorcem a verdade, a justiça e praticam tortura visando aumentar seu patrimônio e eliminar os concorrentes pelo mundo.

Se até os grandes sofrem com a avidez estadunidense, que dirá os mais vulneráveis, tal como o Brasil? Nossos governos democráticos têm sido sistematicamente sabotados pelos golpes urdidos pelo Tio Sam, para manter-nos submissa colônia exportadora de commodities com baixo valor agregado, e importadora de valorizados bens industrializados. A operação Lava Jato, que destruiu ou enfraqueceu empresas estratégicas brasileiras – empreiteiras, alimentícias, petrolíferas, aviação –, ao invés de simplesmente saneá-las da corrupção onipresente nas grandes empresas do mundo, é um exemplo de sangria recente a que fomos submetidos. Um exemplo mais antigo é a privatização de empresas estatais de áreas vitais – como energia, comunicações, saneamento, petróleo, fertilizantes, transporte coletivo – que vem sendo realizada há décadas, em nome de uma suposta ineficiência do Estado. É a voracidade do neoliberalismo, que só faz concentrar para uns poucos inescrupulosos e ávidos acionistas e seus comparsas a riqueza que deveria ser revertida para a prosperidade do País. As privatizações são parte essencial da transfusão de riquezas para os EUA.

Agora estamos às voltas com novos golpes e tramas para saciar a belicosa voracidade do Tio Sam: as tarifas sobre as commodities que exportamos e a aliança de elites reacionárias estadunidenses com seus lacaios similares no Brasil. Querem mais de nossas riquezas, para financiar as guerras que promovem no mundo, ou para benefício próprio.

Boa parte da população brasileira, entorpecida por décadas de eficaz guerra cognitiva, renega o esforço de emancipação do nosso País. Ademais, é deslumbrada com o glamour da suposta pátria da liberdade e da justiça, criado pela ilusão hollywoodiana. A lebre crê que a águia vai acolhê-la e apoiá-la.

Se não acordarmos, continuaremos a ajudar os EUA a financiarem suas guerras de dominação e extermínio mundo afora.


3 comentários:

  1. Sintético e preciso seu analisar! Nós como eterna Colônia do Império, estamos condenados, e com nossa elite subalterna, está difícil romper os grilhões

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  2. Vemos a toda hora as maquiagens com que tentam esconder essa realidade, mas ver isso escrito com todas as letras, tirando a maquiagem, e nos colocando dentro dessa trama, é reamente um soco no estômago.

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  3. É como se estivéssemos assistindo uma "novela", sentados detrás de uma grade, e de mãos atadas. Triste realidade...

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